Se todos os dias são iguais, torne-se diferente

Yvonne

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Brasileira, ariana nascida no Rio de Janeiro, morando atualmente em Guarapari, mulher, esposa e mãe. Gosto de artes em geral, de ler, de trocar idéias, de praia, de cinema, de tomar cerveja e de dar boas gargalhadas.

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FELIZ NATAL, FELIZ ANO NOVO



A declaração abaixo foi retirada da revista Monet de maio de 2005 ao entrevistar Richard Curtis, roteirista e diretor de "Um lugar chamado Notting Hill" e "Simplesmente amor":
"Sei que meu cinema pode ser considerado leve demais para alguns, mas muitos filmes são pesados demais para mim. Há um conceito estranho determinando que fazer algo com duas pessoas se apaixonando não é verossímil - só que isso acontece milhões de vezes todos os dias. Agora, se você faz um longa-metragem sobre um soldado que enlouquece e atira em cinco pessoas numa sala de aula, é exaltado como um cineasta altamente realista".

Me identifiquei demais com essa declaração porque percebo que alguns críticos e intelectuais "mudernos" fazem cara de poucos amigos quando o filme fala apenas sobre o amor. Esse sentimento é considerado não nobre, pequeno demais para ser mostrado na tela grande. O inteligente e politicamente correto é a loucura e corpos despedaçados voando pelos ares.

Pois bem, vi um dia desses na TV a cabo um filme chamado "Feliz Natal" (Joyeux Noël, produção da França, Inglaterra, Alemanha, Bélgica e Romênia, indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro de 2005).
Não ganhou nada, exatamente por fazer parte da lista de filmes considerados ingênuos. Por pouco eu deixei de ver, porque já não agüento mais filmes que tentam, de todas as formas, provar que Papai Noel existe e que todos os problemas familiares serão resolvidos na noite de Natal. A minha sorte foi ter ido ao banheiro e quando voltei vi que não era nada do que eu estava pensando.

É uma história de ficção livremente inspirada em fatos reais. Na noite do Natal de 1914 (Primeira Guerra Mundial) muitos soldados entrincheirados resolveram dar uma trégua e comemoraram a festa juntos. Eram alemães, franceses e escoceses que cantaram músicas natalinas, jogaram futebol, falaram sobre seus problemas familiares e ainda conseguiram enterrar os seus mortos. Ninguém ali queria matar ninguém, eram apenas seres humanos com saudades de suas mulheres, pais, filhos, vizinhos, empregos, cidades, ou seja, tudo aquilo que fazia parte da vida deles. Vários foram os momentos em que eu e meu marido choramos e não foi por causa de nenhuma violência e sim porque as cenas eram lindas demais. Tentem imaginar um tenor alemão cantando "Noite feliz, noite de paz..." e um escocês faz o acompanhamento com uma gaita de fole, enquanto os franceses ficam ouvindo aquela maravilha. Um filme anti-belicista que juntamente com Nada de Novo no Front e O Grande Ditador
fazem parte de qualquer lista dos melhores de todos os tempos.

Em tempos tão amargos em que o mal parece que está levando vantagem sobre o bem, é bom lembrar que há quase um século atrás alguns militares resolveram se rebelar, se é que estou usando o verbo correto, e optaram por serem simplesmente humanos. O preço pago foi alto e por pouco não houve uma corte marcial nos três países envolvidos.

Para tolos como eu que ainda acreditam que o mundo tem jeito e, como diria Roberto Carlos, a felicidade até existe, esse filme foi um verdadeiro achado e por isso optei por falar sobre ele justamente no meu último post do ano. Esta semana será curtíssima para o tanto de coisas a serem feitas e além disso, no dia 26 chega o meu filhote com o netinho Gabriel e os dois só irão embora depois do reveillon. Serão quase dez dias de praia, passearemos, veremos desenhos, iremos à Vitória ver "Marley e eu" (programa esse sem o netinho, caso não passe aqui na roça), faremos todos os dias comidas especiais, gostosas e não habituais no dia a dia, ou seja, vamos ter um monte de comemorações de Natal e Ano Novo em todo esse período.

Amigos, estou feliz demais só de pensar nesses dias e infelizmente vocês ficarão abandonados por mim. Não terei tempo de visitá-los do jeito que eu gosto, mas não fico muito preocupada porque sei que neste período todos nós temos muitos afazeres e comemorações. Além disso, logo em seguida irei ao Rio para comemorar o aniversário do meu irmão, mais dois aniversários de amigas e um casamento. Dessa forma, gostaria que todos nós blogueiros, nossos familiares e amigos fôssemos que nem os soldados das trincheiras. Cristãos, judeus, muçulmanos, brancos, negros, índios, amarelos, homens, mulheres, crianças, ricos, pobres, idealistas, niilistas, capitalistas, socialistas, ateus, agnósticos, ou seja, todos nós tão diferentes uns dos outros esqueçamos tudo isso e lembremos que, acima de qualquer coisa, todos nós fazemos parte de um grupo especial: a raça humana.

Beijocas meus lindos amigos e até a volta

Yvonne

P.S.: Caso vocês tenham paciência de ver a grande apresentação do Gabriel na festa de final de ano em que ele se formou no Berçário 2, acessem esse link do YouTube. O filme ficou uma droga, porque o meu filho estava longe e não parava de rir e chorar ao mesmo tempo. As vozes que vocês ouvem é da Claudinha (ex-norinha) e do Felipe, meu filhote. O meu netinho é aquele sofredor ao lado da professora que não deixou ele extravasar o seu lado artístico. Vejam que charme.