Amigos,
Um fenômeno que está acontecendo no mundo inteiro é o fechamento de lojas que vendem CD's. Não é minha intenção falar sobre o abusivo preço dos discos e muito menos das gravadoras, mas algo dentro de mim se sentiu incomodada. De repente bateu uma imensa saudade de algumas coisas que não existem mais no mundo atual. Eis algumas delas envolvendo discos e historinhas bobas da minha vida:
- chegar em uma loja de discos e ficar vasculhando tudo que tinha lá. Meu Deus! Descobrir um LP do Django Reinhardt, que era a paixão do meu pai e que eu acabei herdando esse gosto mesmo novinha, era algo mais do que especial, principalmente quando descobri um disco com as músicas "September Song" e "Body and Soul", que eu simplesmente adoro.
- chegar em uma loja de discos, cantarolar uma música para o vendedor e ele saber exatamente o que eu queria. Uma das raras lojas do Rio que tem empregados que conhecem música é a Modern Sound. Não sou de citar nomes nos meus posts, mas essa loja merece a minha admiração (não estou ganhando jabá, rsrsrs). Uma vez quis comprar um CD do Carlos Santana para o maridão numa loja perto da minha casa e o rapaz que me atendeu foi procurar no local reservado aos cantores brasileiros. O garoto não sabia que o Santana é mexicano, mora nos States e faz parte da lista dos dez melhores guitarristas de todos os tempos.
- tomar conhecimento de que os Beatles tinham lançado um disco novo no mercado que, com certeza, iria chegar aqui no Brasil pelo menos com uns três meses de atraso. Tenho saudades da minha linda professora de Português, D. Lia, que gentilmente convidou a mim e a minha melhor amiga Vivian (ambas beatlemaníacas) para irmos à casa dela para ouvir um programa da BBC onde o meu querido conjunto iria cantar uma das músicas do seu mais novo disco. A música era "All you need is love". Minha professora tinha aquele rádio com sei-lá-que-modernidade-na-época que conseguia captar estações do mundo inteiro. Foi excitante saber que eu e a Vivian fomos umas das primeiras pessoas que ouviram essa canção no Brasil.
- receber cartas escritas a mão.
- receber cartões de Natal.
- tenho saudades também de ter as minhas roupas feitas por minha mãe ou por costureiras. Comprar em butique? Só aquelas que não dá para fazer em casa, como por exemplo a calça jeans.
- e o que dizer de sair de tarde com as amigas, parar na Kopenhagen e comer um delicioso Nhá Benta? Quem foi o FDP que disse que chocolate engorda e faz mal? Ainda bem que não sou muito chegada à chocolate, aliás, nem gosto muito, mas recusar essa maravilha, nem pensar. Mais um prazer que a mídia diz ser nocivo para a humanidade.
- minha fruta predileta era morango, agora passou a ser a manga. A razão? Não deu mais para gostar de morango depois de tantas notícias terríveis de que essa fruta é um poço de tudo que existe de pior no mundo em termos de agricultura. Já não posso mais comer verdura e legumes do jeito que queria. Também não dá para comer frutas e muito menos carne de vaca que é cheia sei-lá-do-quê que só faz mal à saúde. O que sobra então? Vou parar por aqui para não deixar ninguém em crise.
- e o que dizer de algumas das lanchonetes que eram os points da época? Os rapazes e as moças iam para lá apenas para ficarem olhando uns para os outros. Ninguém se aproximava, ninguém fazia nada, mas todo mundo prestava uma atenção enorme. Os lanches eram saborosos e não aquela coisa esquisita do McDonalds. É gente, não gosto nada dessa multinacional da gulodice. Só livro a cara das tortas e da batata frita que eu considero a melhor que existe.
- sinto saudades dos cinemas de rua que tinham no Rio de Janeiro, de sair com as minhas primas e amigas tijucanas para paquerarmos na Praça Saens Peña, de namorar de noite na Praça Paris, programas hoje impensáveis de serem feitos.
- e as festas de sexta e sábado? A melhor delas era no Clube Campestre no Alto Leblon. Íamos de táxi, porque a ladeira é íngreme e alta demais. Na volta, todos desciam juntos, os casais de namorados, os que não tinham namorados, mas estavam com telefone de alguém dentro da bolsa e muito papo, muito papo. "Você viu que lindo aquele louro de blusa quadriculada que dançou comigo não sei quantas vezes?", "Nunca mais quero ver o fulano. Ele nem olhou para mim.", "Gente, dessa vez estou apaixonada. O sicrano é demais". Éramos mocinhas menores de idade que pegavam o ônibus "571-Largo da Glória-Leblon", saltávamos de madrugada e íamos para as nossas casas com nossas mães dormindo despreocupadas.
- Foi também no Campestre que eu dei o meu primeiro beijo na boca ao som dessa música . Passado todo esse tempo, até hoje considero esse momento muito especial, ainda que eu não tenha tido interesse em ficar com o rapaz que estava muito afim de mim há não sei quanto tempo. Eu deixei ele me beijar porque não suportava mais aquela insistência. No entanto, a música, a dança e o apaixonado tornaram o clima quase mágico. Foi muito bom e até hoje eu conservo a imagem dele na minha memória. Com certeza, hoje ele é um senhor que nem deve mais se lembrar de mim, mas eu me recordo muito bem dele. Primeiro beijo na boca nenhuma mocinha esquece.
Pois é amigos, o fim de lojas de discos me fez ficar nostálgica e com vontade de viver em um mundo melhor e mais gentil. Existem outras recordações muito especiais para mim, mas o espaço é pequeno. Além disso, não posso abusar tanto de vocês com a dupla "Yvonne e seu umbigo". Ninguém merece, rsrsrs.
Beijocas
Yvonne
Um fenômeno que está acontecendo no mundo inteiro é o fechamento de lojas que vendem CD's. Não é minha intenção falar sobre o abusivo preço dos discos e muito menos das gravadoras, mas algo dentro de mim se sentiu incomodada. De repente bateu uma imensa saudade de algumas coisas que não existem mais no mundo atual. Eis algumas delas envolvendo discos e historinhas bobas da minha vida:
- chegar em uma loja de discos e ficar vasculhando tudo que tinha lá. Meu Deus! Descobrir um LP do Django Reinhardt, que era a paixão do meu pai e que eu acabei herdando esse gosto mesmo novinha, era algo mais do que especial, principalmente quando descobri um disco com as músicas "September Song" e "Body and Soul", que eu simplesmente adoro.
- chegar em uma loja de discos, cantarolar uma música para o vendedor e ele saber exatamente o que eu queria. Uma das raras lojas do Rio que tem empregados que conhecem música é a Modern Sound. Não sou de citar nomes nos meus posts, mas essa loja merece a minha admiração (não estou ganhando jabá, rsrsrs). Uma vez quis comprar um CD do Carlos Santana para o maridão numa loja perto da minha casa e o rapaz que me atendeu foi procurar no local reservado aos cantores brasileiros. O garoto não sabia que o Santana é mexicano, mora nos States e faz parte da lista dos dez melhores guitarristas de todos os tempos.
- tomar conhecimento de que os Beatles tinham lançado um disco novo no mercado que, com certeza, iria chegar aqui no Brasil pelo menos com uns três meses de atraso. Tenho saudades da minha linda professora de Português, D. Lia, que gentilmente convidou a mim e a minha melhor amiga Vivian (ambas beatlemaníacas) para irmos à casa dela para ouvir um programa da BBC onde o meu querido conjunto iria cantar uma das músicas do seu mais novo disco. A música era "All you need is love". Minha professora tinha aquele rádio com sei-lá-que-modernidade-na-época que conseguia captar estações do mundo inteiro. Foi excitante saber que eu e a Vivian fomos umas das primeiras pessoas que ouviram essa canção no Brasil.
- receber cartas escritas a mão.
- receber cartões de Natal.
- tenho saudades também de ter as minhas roupas feitas por minha mãe ou por costureiras. Comprar em butique? Só aquelas que não dá para fazer em casa, como por exemplo a calça jeans.
- e o que dizer de sair de tarde com as amigas, parar na Kopenhagen e comer um delicioso Nhá Benta? Quem foi o FDP que disse que chocolate engorda e faz mal? Ainda bem que não sou muito chegada à chocolate, aliás, nem gosto muito, mas recusar essa maravilha, nem pensar. Mais um prazer que a mídia diz ser nocivo para a humanidade.
- minha fruta predileta era morango, agora passou a ser a manga. A razão? Não deu mais para gostar de morango depois de tantas notícias terríveis de que essa fruta é um poço de tudo que existe de pior no mundo em termos de agricultura. Já não posso mais comer verdura e legumes do jeito que queria. Também não dá para comer frutas e muito menos carne de vaca que é cheia sei-lá-do-quê que só faz mal à saúde. O que sobra então? Vou parar por aqui para não deixar ninguém em crise.
- e o que dizer de algumas das lanchonetes que eram os points da época? Os rapazes e as moças iam para lá apenas para ficarem olhando uns para os outros. Ninguém se aproximava, ninguém fazia nada, mas todo mundo prestava uma atenção enorme. Os lanches eram saborosos e não aquela coisa esquisita do McDonalds. É gente, não gosto nada dessa multinacional da gulodice. Só livro a cara das tortas e da batata frita que eu considero a melhor que existe.
- sinto saudades dos cinemas de rua que tinham no Rio de Janeiro, de sair com as minhas primas e amigas tijucanas para paquerarmos na Praça Saens Peña, de namorar de noite na Praça Paris, programas hoje impensáveis de serem feitos.
- e as festas de sexta e sábado? A melhor delas era no Clube Campestre no Alto Leblon. Íamos de táxi, porque a ladeira é íngreme e alta demais. Na volta, todos desciam juntos, os casais de namorados, os que não tinham namorados, mas estavam com telefone de alguém dentro da bolsa e muito papo, muito papo. "Você viu que lindo aquele louro de blusa quadriculada que dançou comigo não sei quantas vezes?", "Nunca mais quero ver o fulano. Ele nem olhou para mim.", "Gente, dessa vez estou apaixonada. O sicrano é demais". Éramos mocinhas menores de idade que pegavam o ônibus "571-Largo da Glória-Leblon", saltávamos de madrugada e íamos para as nossas casas com nossas mães dormindo despreocupadas.
- Foi também no Campestre que eu dei o meu primeiro beijo na boca ao som dessa música . Passado todo esse tempo, até hoje considero esse momento muito especial, ainda que eu não tenha tido interesse em ficar com o rapaz que estava muito afim de mim há não sei quanto tempo. Eu deixei ele me beijar porque não suportava mais aquela insistência. No entanto, a música, a dança e o apaixonado tornaram o clima quase mágico. Foi muito bom e até hoje eu conservo a imagem dele na minha memória. Com certeza, hoje ele é um senhor que nem deve mais se lembrar de mim, mas eu me recordo muito bem dele. Primeiro beijo na boca nenhuma mocinha esquece.
Pois é amigos, o fim de lojas de discos me fez ficar nostálgica e com vontade de viver em um mundo melhor e mais gentil. Existem outras recordações muito especiais para mim, mas o espaço é pequeno. Além disso, não posso abusar tanto de vocês com a dupla "Yvonne e seu umbigo". Ninguém merece, rsrsrs.
Beijocas
Yvonne
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