Se todos os dias são iguais, torne-se diferente

Yvonne

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Brasileira, ariana nascida no Rio de Janeiro, morando atualmente em Guarapari, mulher, esposa e mãe. Gosto de artes em geral, de ler, de trocar idéias, de praia, de cinema, de tomar cerveja e de dar boas gargalhadas.

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17.12.2007 - DUAS HISTÓRIAS, O MESMO PROBLEMA

Amigos,

Este post foi escrito na sexta-feira de tarde e está sendo dedicado às mocinhas que aqui freqüentam e que têm problemas de relacionamento, visto que ainda não encontraram os amores de suas vidas. Noto que algumas delas são muito inseguras e coloco a minha mão no fogo que se acham verdadeiras mocréias. Meninas, nenhuma mocinha é feia. Já tive oportunidade de ver mulheres pavorosas e que são disputadas pelos homens. Não existe beleza maior do que ter a auto-estima em alta.

Pois bem, o maridão comprou uns porta-retratos porque quer dar uma modificada na decoração da casa. Pegamos as fotos para escolher quais iriam ser exibidas. Queridos, eu chorei ao ver as minhas, porque vi o quanto era bonita quando jovem e nunca me dei conta. Eu sofri por muito tempo achando que eu era um horror. Tudo isso por conta de familiares que minaram a minha auto-estima. Eu fui uma mocinha cheiona no meio de um monte de magras cuja beleza era aceita pela mídia. Eu era um mulherão e não me enxergava como tal. Já imaginou o que é ir para uma festa, colocar uma roupa, indagar se estou bonita e alguém me responder que sim, mas que se eu fosse um pouquinho mais magra iria ficar bem melhor? Eu tinha 1.67m e pesava em torno de 63kg.

Outra maldade também era a famosa frase: "Você é bonita, mas nem chega aos pés da sua mãe". Realmente, ela era uma mulher ESPLENDOROSA, cabelos cor de mel e de olhos verdes. A beleza dela era de atriz de cinema, ao passo que a minha não. Eu sou parecida com o meu pai. São quatro gerações com a mesma cara: vovô, papai, meu irmão, eu e minha filhota. Gene da família D. tem poder. Mesmo jovem, nunca fui pequena ao ponto de competir atributos com a minha própria mãe, mas tinha necessidade de alguém dizer uma frase dessa para mim?

Então fui vivendo assim, sendo a gordinha da família pesando apenas 6kg acima da tabela dita ideal e fazendo todos os regimes do mundo, até que engordei de vez quando resolvi dar um basta naquela vida espartana de só poder comer capim com capim. Amadureci e aos poucos fui vendo os meus dotes. Hoje em dia sou uma senhora que já teve a sua época e agora o meu charme é outro, mas fiquei muito chateada com o tempo que perdi me achando um terror, quando eu era linda. Meninas, não aceitem de forma alguma que alguém lhes diga que vocês são umas merdas. ISSO NÃO É VERDADE E NÃO ENTREM NESSE JOGO DE FORMA ALGUMA. Olhem-se no espelho e vejam o quanto vocês têm de maravilhosas. Ninguém merece viver no limbo pelo simples fato de não ter nascido com a cara da Ana Paula Arósio.

O tempo passou, fui mãe de uma linda menina. Ela é bonita mesmo, desde bebezinho. Nasceu com cabelo preto em pé feito índio ou japonês, até que caíram e deram lugar a cachinhos dourados. Tão logo ela menstruou, os cabelos ficaram esquisitos e ali começou um verdadeiro inferno na família. Ela desesperada vendo suas amigas com cabelos lisos enquanto os dela eram crespos e sem brilho. E tome de sofrimento, de momentos que não queria sair de casa, de se achar o pior ser humano do mundo, até que, diante disso tudo, comecei a gastar verdadeiras fortunas com alisamentos e similares. Foram dez anos fazendo tudo que ela me pedia, felizmente tinha condições financeiras de bancar isso. A partir deste ano, não foi mais possível.

Nada resolvia, visto que ela passava a chapinha todos os dias. Esse detalhe apenas as mulheres vão entender. Era tanta chapinha que o cabelo dela parou de crescer, ou melhor, crescia, mas a partir de uma certa altura quebrava e não desenvolvia mais. Então houve necessidade de mais outra despesa: os cabelos artificiais, ou melhor, humanos que eu tinha que comprar. Escova progressiva mais chapinha. Um festival de loucuras e eu pagando parte disso tudo, porque ela se sujeitava a qualquer coisa. Todo dinheiro que ela ganhava dos tios era destinado para esse fim. Era um gasto enorme de três em três meses para o cabelo ficar apenas razoável.

Quando ela me viu chorando por estar chateada com o tempo que perdi por me achar um trucuçu, ela virou-se para o pai e disse assim: me leva no Carlinhos que eu vou cortar o cabelo. Amigos, ela tirou tudo. Ficou um pouco insegura, porque todas as mulheres quando raspam o cabelo se sentem assim. Ficou linda, descobriu o que é o cabelo dela de verdade que continua não sendo lá essas coisas, mas pelo menos É O CABELO DELA e quem quiser que se DANE, para não dizer outro verbo. Logicamente como ela é a pessoa que mais ano nesta vida, farei de tudo para que faça tratamentos que melhorem a aparência, mas combinamos que nunca mais haverá nenhuma química. A chapinha encontra-se devidamente guardada no armário de tralhas.

Amigos, foi um post feminino, mas que bem mostrou a grande maldade da sociedade com relação às mulheres digamos diferentes. Fiquei feliz com o fato de ela, aos 22 aninhos ter dado um basta em um tormento na vida dela quando eu só consegui com quase 30. Para alguma coisa serviu eu ter sofrido. Outra coisa, quando eu escrevo sobre beleza, eu me refiro não só àquela que está na cara, como também à outra que vem de dentro. Façam um teste: procurem no Google ou em qualquer outro lugar várias imagens da Julia Roberts. Sejam bastante críticos e observem bem o rosto dela. Vocês vão descobrir que ela não é tão bonita assim. Em compensação quando aquela mulher sorri, são cinco mil dentes que ficam expostos, os olhos brilham e todo o rosto se ilumina. Nesse momento ela deixa de ser humana e vira uma deusa do Olimpo. O nome disso é carisma e não há dinheiro no mundo que compre, basta procurar dentro de si.

Beijocas para todos, em especial para as meninas lindas, sejam elas bonitas ou não.

Yvonne