Se todos os dias são iguais, torne-se diferente

Yvonne

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Brasileira, ariana nascida no Rio de Janeiro, morando atualmente em Guarapari, mulher, esposa e mãe. Gosto de artes em geral, de ler, de trocar idéias, de praia, de cinema, de tomar cerveja e de dar boas gargalhadas.

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14.10.2007 - AS CIGANAS E A PARAPLÉGICA


Amigos,

Como disse anteriormente estou com visitas em casa e em um hotel próximo daqui. Logicamente o quartel-general é o meu apartamento, então está difícil até mesmo navegar na Internet, o que eu só consigo bem cedo quando todos estão dormindo. Dessa forma, vou publicar o texto abaixo que foi escrito em dezembro de 2003 em um momento que eu estava com muitas saudades da rua onde morei até os meus 17 anos. Amanhã todos irão embora, o que vai me deixar triste. No entanto, vou voltar a freqüentar os blogs de vocês e aproveitar para matar as saudades.
Beijocas
Yvonne
P.S.: Querem morrer de inveja? Ontem comi bobó de lagosta e hoje vamos fazer passeio de escuna pelas praias. O bobó foi um dos pratos mais gostosos que eu já tive oportunidade de comer. Um presente dos deuses e por um preço que só aqui mesmo em Guarapari. No Rio seria inviável ($$$). Vamos lá então ao texto:

Eu gosto de elogiar tudo que fez ou faz parte da minha vida. Ultimamente o coração tem andado apertado e com vontade de voltar a morar no Humaitá (sub-bairro de Botafogo). A saudade tem sido muito grande, mas existem alguns senões, então vou continuar o meu relacionamento de amor com o Flamengo mesmo.

Mas enquanto decido o que fazer, gostaria de dividir com vocês umas pessoas legais que aqui moram, a saber:

- a paraplégica - é uma moça bem ruiva, com cara de irlandesa que "anda" de cima para baixo em uma daquelas cadeiras motorizadas. Ela é mãe de uma criança que não deve ter mais do que 3 anos e o garoto fica no colo dela. No começo, quando ela apareceu por aqui, eu sentia uma agonia imensa vendo aquela criança, mas agora é um dos meus motivos de orgulho saber que sou vizinha de uma pessoa tão especial que optou por ser feliz na vida. A cadeira dela mais parece uma vespa espaçosa e está sempre abarrotada de sacos de supermercado e do Horti Fruti. Tenho que encontrar essa moça mais vezes para reformular uma série de preguiças de minha parte. Ela é show.

- as ciganas - Meu Deus! Elas sumiram daqui o que é uma pena. Esse clã ou grupo (sei lá como é que se chama) veio da região da Península Ibérica. São quase todos brancos de olhos e cabelos castanhos, um tipo bem ibérico, mas com alguma coisa diferente. São bonitos mas jamais seriam convidados para serem capa de revista porque a beleza deles não é a estabelecida pela mídia.

Quando eles vieram para cá, as mulheres só andavam de preto com saias até o tornozelo. Eu ficava indignada em ver aquelas moças tão formosas vestidas daquela forma. Dava até um ligeiro mal estar em ver tanto pretume. Depois, eu não sei o que foi que aconteceu, elas foram liberadas para usarem roupas coloridas. Só as senhoras mais velhas que permaneceram de preto.

Gente, aí começou um verdadeiro festival de cores. Tudo o que vocês puderem imaginar, todas as combinações esquisitas elas usaram. A boneca Emília do Sítio do Pica-pau Amarelo é coisa de amador perto delas. Era impossível não olhar, elas paravam o trânsito literalmente falando porque todo mundo ficava embevecido vendo aquele grupo com parentesco distante com a exuberante fauna brasileira. Arara, tucano, pavão, beija-flor são pintos perto delas.

Mas, sabem de uma coisa? Eu adorava vê-las e sentia até uma certa inveja. Sempre andavam soltando gargalhadas, fazendo algazarra, falando alto com saltos imensos, cabelos castanhos até a cintura e muita cor. Os corpos eram bem carnudos sem serem necessariamente gordinhos, quadris largos, peitos grandes. Verdadeiras potrancas.

Eles iam muito à uma adega portuguesa próxima e era muito engraçado. Os maridos tomando chope garoto do lado de dentro e as mulheres e crianças do lado de fora, na calçada, "enchendo a cara" de refrigerantes e comendo tudo que tinham direito. Não se misturavam. Era um grupo de mais ou menos 50 pessoas que da mesma maneira que apareceram, foram embora e eu nunca mais pude vê-los. É uma pena porque eles alegravam a minha rua com aquele visual exótico. Tomara que um dia eles voltem para cá.

Bom, amigos, esse mundo agitado não nos permite observar melhor a região onde moramos, mas quando a gente abre a cabeça e principalmente o coração, descobrimos uma infinidade de pessoas bastante interessantes. Sem querer ser piegas, eu tenho muita sorte em conhecê-las, ainda que nunca tenha me dirigido a algumas delas.

Mais beijocas

Yvonne