Amigos,
Vim morar em Guarapari em um apartamento quase todo mobiliado. No início nós pagamos aluguel e quando finalmente conseguimos vender o do Rio, nós pudemos comprar o daqui. Por esse motivo, eu me desfiz de quase tudo que eu tinha. Eu sou assim, quando encontro uma alma generosa que me oferece algum tipo de benefício (no caso o nosso amigo que nos vendeu o imóvel), eu retribuo na mesma moeda e faço por alguém aquilo que fizeram por mim.
Doei um monte de coisas para familiares, empregada, amigos e funcionários do prédio. Por incrível que possa parecer, só vendemos LP's e livros, porque achamos que dos nossos conhecidos, poucos iriam dar a mesma importância à nossa preciosa coleção. Até hoje me arrependo de ter vendido os livros, mas infelizmente tivemos que tomar essa decisão porque os armários daqui (modernos) não são da mesma qualidade do que tínhamos no Rio (antigos) e caso tivéssemos que guardar um monte deles na parte de cima do armário, com certeza as prateleiras iriam ficar empenadas e para montar estantes, teríamos que sacrificar dois dos três quartos, o que seria inviável. Montamos uma estante com os amores das nossas vidas e o resto infelizmente ficou para trás.
Logo, viemos para cá com poucos móveis e apenas com o que era importante para nós, além de roupas e muitos objetos necessários. As minhas preciosidades não são ações de banco, jóias ou diamantes. São pequenas coisas que não há seguro algum que vá cobrir. As fotos de toda uma vida, meus desenhos do jardim de infância, os desenhos dos meus filhos também do jardim, os cadernos de redação da minha filha (ela é brilhante desde o primário), todos os meus cadernos de telefones, todos os cartões que eu já recebi na vida (menos os de Natal), meu brinquinho da festa dos 15 anos que foi comprado nas Lojas Americanas, a pasta dos namorados onde eu guardo cartas, bilhetinhos e bobagens que recebi dos amores da minha vida, a coleção de conchas que a minha avó me deu, as cartas de amor do meu avô para a minha avó, a blusinha velha da minha mãe que ela fez de boneca e dormia abraçada no fim da vida quando estava demente, poucas roupinhas das crianças, a fraldinha que a minha filha usava presa à chupeta, a coleção de cartões postais e um monte de besteirinhas. Tirando a coleção de conchas, todo o resto não vale um real sequer, mas eu não saberia viver sem os meus tesouros.
O motivo desse post um tanto nostálgico é que ontem fiz uma faxina na parte de cima dos armários e como de hábito dei uma olhada no que estava lá. Um fato que me chamou a atenção ao folhear o meu primeiro caderninho de telefones foi o nome de uma moça - Louise e um sobrenome irlandês enorme. Ninguém que tenha um nome desse no Brasil passa desapercebida ou é esquecida. Só que eu não sei quem é essa pessoa. Outras que também estavam mencionadas lá também não me lembro mais, mas elas só podem ter tido alguma importância para mim, visto que eu não teria anotado os seus telefones.
Por muito tempo, eu tive uma grande dificuldade em lidar com separações. Tudo para mim era um dramalhão sem fim quando aparecia uma situação de adeus. Eu chorava, adoecia, queria morrer em vida, mas não queria largar aquele emprego, aquele colégio, aquele grupo ou qualquer amigo importante para mim. Com o passar dos anos esse problema acabou, graças a Deus. Quando eu me sentia muito triste por ter que me afastar de alguém, a minha mãe dizia que os amigos ficam nas nossas vidas o tempo que for necessário e que depois cada um segue o seu caminho. É uma maneira de pensar bem simples, mas bastante profunda.
Dessa forma, quero deixar um beijo carinhoso para a Louise, o Marcos, a Helena, o Estevão e tantos outros que com certeza me deram bastante alegrias e que hoje eu não me recordo mais quem são. Quero também dar um viva à Internet que me permitiu manter todos os meus amigos do Rio, ainda que estejamos geograficamente afastados. Nossa amizade ainda conserva o mesmo frescor e quando para lá vou, parece que o nosso último encontro foi no dia anterior. Por muito tempo os formadores de opinião falaram que a Internet iria acabar com as amizades. Para mim foi exatamente o contrário, visto que cheguei até a recuperar amigos que estavam afastados. Não entro em salas de bate-papo, não converso pelo MSN e só entro no Orkut duas vezes por mês no máximo. No entanto, tenho o maior prazer de trocar e-mails e fazer comentários nos blogs que eu gosto. É como se fosse uma troca de cartas ou bilhetes. Com relação ao papo, eu preciso olhar nos olhos do outro, daí a minha dificuldade.
Então, para mim os meus bens mais preciosos são aqueles que não podem ser comprados: os amigos e o monte de tralhas que mencionei acima. Quanto ao resto, dá-se um jeito.
Beijocas
Yvonne
Vim morar em Guarapari em um apartamento quase todo mobiliado. No início nós pagamos aluguel e quando finalmente conseguimos vender o do Rio, nós pudemos comprar o daqui. Por esse motivo, eu me desfiz de quase tudo que eu tinha. Eu sou assim, quando encontro uma alma generosa que me oferece algum tipo de benefício (no caso o nosso amigo que nos vendeu o imóvel), eu retribuo na mesma moeda e faço por alguém aquilo que fizeram por mim.
Doei um monte de coisas para familiares, empregada, amigos e funcionários do prédio. Por incrível que possa parecer, só vendemos LP's e livros, porque achamos que dos nossos conhecidos, poucos iriam dar a mesma importância à nossa preciosa coleção. Até hoje me arrependo de ter vendido os livros, mas infelizmente tivemos que tomar essa decisão porque os armários daqui (modernos) não são da mesma qualidade do que tínhamos no Rio (antigos) e caso tivéssemos que guardar um monte deles na parte de cima do armário, com certeza as prateleiras iriam ficar empenadas e para montar estantes, teríamos que sacrificar dois dos três quartos, o que seria inviável. Montamos uma estante com os amores das nossas vidas e o resto infelizmente ficou para trás.
Logo, viemos para cá com poucos móveis e apenas com o que era importante para nós, além de roupas e muitos objetos necessários. As minhas preciosidades não são ações de banco, jóias ou diamantes. São pequenas coisas que não há seguro algum que vá cobrir. As fotos de toda uma vida, meus desenhos do jardim de infância, os desenhos dos meus filhos também do jardim, os cadernos de redação da minha filha (ela é brilhante desde o primário), todos os meus cadernos de telefones, todos os cartões que eu já recebi na vida (menos os de Natal), meu brinquinho da festa dos 15 anos que foi comprado nas Lojas Americanas, a pasta dos namorados onde eu guardo cartas, bilhetinhos e bobagens que recebi dos amores da minha vida, a coleção de conchas que a minha avó me deu, as cartas de amor do meu avô para a minha avó, a blusinha velha da minha mãe que ela fez de boneca e dormia abraçada no fim da vida quando estava demente, poucas roupinhas das crianças, a fraldinha que a minha filha usava presa à chupeta, a coleção de cartões postais e um monte de besteirinhas. Tirando a coleção de conchas, todo o resto não vale um real sequer, mas eu não saberia viver sem os meus tesouros.
O motivo desse post um tanto nostálgico é que ontem fiz uma faxina na parte de cima dos armários e como de hábito dei uma olhada no que estava lá. Um fato que me chamou a atenção ao folhear o meu primeiro caderninho de telefones foi o nome de uma moça - Louise e um sobrenome irlandês enorme. Ninguém que tenha um nome desse no Brasil passa desapercebida ou é esquecida. Só que eu não sei quem é essa pessoa. Outras que também estavam mencionadas lá também não me lembro mais, mas elas só podem ter tido alguma importância para mim, visto que eu não teria anotado os seus telefones.
Por muito tempo, eu tive uma grande dificuldade em lidar com separações. Tudo para mim era um dramalhão sem fim quando aparecia uma situação de adeus. Eu chorava, adoecia, queria morrer em vida, mas não queria largar aquele emprego, aquele colégio, aquele grupo ou qualquer amigo importante para mim. Com o passar dos anos esse problema acabou, graças a Deus. Quando eu me sentia muito triste por ter que me afastar de alguém, a minha mãe dizia que os amigos ficam nas nossas vidas o tempo que for necessário e que depois cada um segue o seu caminho. É uma maneira de pensar bem simples, mas bastante profunda.
Dessa forma, quero deixar um beijo carinhoso para a Louise, o Marcos, a Helena, o Estevão e tantos outros que com certeza me deram bastante alegrias e que hoje eu não me recordo mais quem são. Quero também dar um viva à Internet que me permitiu manter todos os meus amigos do Rio, ainda que estejamos geograficamente afastados. Nossa amizade ainda conserva o mesmo frescor e quando para lá vou, parece que o nosso último encontro foi no dia anterior. Por muito tempo os formadores de opinião falaram que a Internet iria acabar com as amizades. Para mim foi exatamente o contrário, visto que cheguei até a recuperar amigos que estavam afastados. Não entro em salas de bate-papo, não converso pelo MSN e só entro no Orkut duas vezes por mês no máximo. No entanto, tenho o maior prazer de trocar e-mails e fazer comentários nos blogs que eu gosto. É como se fosse uma troca de cartas ou bilhetes. Com relação ao papo, eu preciso olhar nos olhos do outro, daí a minha dificuldade.
Então, para mim os meus bens mais preciosos são aqueles que não podem ser comprados: os amigos e o monte de tralhas que mencionei acima. Quanto ao resto, dá-se um jeito.
Beijocas
Yvonne
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