Se todos os dias são iguais, torne-se diferente

Yvonne

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Brasileira, ariana nascida no Rio de Janeiro, morando atualmente em Guarapari, mulher, esposa e mãe. Gosto de artes em geral, de ler, de trocar idéias, de praia, de cinema, de tomar cerveja e de dar boas gargalhadas.

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REAÇÕES


Amigos,

Relendo algumas anotações minhas do tempo do D.João Charuto, deparei-me com uns comentários bem interessantes de um médico psiquiatra, Dr. Edgar, com quem tive oportunidade e o grande prazer de fazer terapia de grupo. De acordo com ele, o ser humano tem várias reações para um mesmo problema. Vejamos o exemplo que ele deu sem nenhuma base científica, apenas com a sua experiência profissional. Imaginemos que várias mulheres, em um momento de adversidade, sejam estupradas ao mesmo tempo. De que maneira elas vão se reagir? Eis as opções:

1) pouquíssimas irão se tornar ninfomaníacas;
2) algumas nunca mais se relacionarão com homem algum, levando uma vida quase normal em outros aspectos;
3) outras nunca mais se relacionarão com homem algum e também não conseguirão levar uma vida normal. Sofrerão de depressão e de síndrome do pânico;
4) algumas outras voltarão a ter prazer em se relacionar com os homens e levarão uma vida normal; e por último
5) umas poucas não só voltarão a ter homens e uma vida normal, como também irão à polícia, colocarão a boca no trombone, criarão uma ONG e lutarão pelos direitos das mulheres.

De acordo com a terapia gestalt, não existe uma situação anterior que justifique cada um desses comportamentos. A nossa reação vai se basear unica e exclusivamente no que já existe dentro da nossa psique e que independe da nossa vivência. Há correntes controversas, mas eu acredito piamente nessa. Se vocês lerem sobre a vida de pessoas que conseguiram sobreviver a um campo de extermínio, verão que uns simplesmente enlouqueceram, outros se casaram e constituíram novas famílias e alguns poucos criaram um verdadeiro comando de caças a nazistas como aquele grupo do Simon não sei das quantas que atua até hoje.

É impressionante como algumas mentes são frágeis e outras são tão fortes e resistentes. Conheci um rapaz que no início dos anos 70 emprestou seu carro para um amigo que era terrorista e ele desconhecia o fato. Esse carro foi utilizado para alguma coisa que não me recordo mais e o DOI/CODI descobriu. Ele era um ingênuo, CDF, brilhante aluno do curso de Economia da Fundação Getúlio Vargas e vivia com a cabeça no mundo das finanças, sem se interessar por política. Não tinha a mínima idéia da rabuda que ele entrou. A sorte é que seu pai era militar (tinha uma alta patente) e conseguiu livrá-lo da prisão. Ainda assim ele ficou quase duas semanas detido, sem ser, no entanto, torturado. Até o final da nossa amizade, ele não tinha se recuperado desse problema e não conseguia trabalhar ou estudar. Não sei o que aconteceu com ele. Por outro lado, outras pessoas foram torturadas e estão por aí vivendo as suas vidas.

É interessante observar que não existe fórmula mágica quando se trata de seres humanos. Vocês já estão carecas de saber disso, não estou contando nenhuma novidade, mas ainda assim é fantástico constatar esse fato. É uma verdadeira proeza você ser temperado feito aço, sofrendo todas as agruras deste mundo e ainda assim sobreviver com dignidade. Não sei em que grupo eu me incluiria porque felizmente nunca passei por uma situação desesperadora. Aliás, nem gostaria de saber. Só queria deixar aqui registrada a minha admiração por essas pessoas que, com os seus infortúnios, lutam por um mundo melhor. Queriam também deixar o meu carinho para aqueles que infelizmente se deixam sucumbir, eles merecem.

Beijocas

Yvonne