Amigos, tivemos por esses dias uma blogagem coletiva a respeito da viagem inesquecível de nossas vidas. Não participei porque não tinha muito o que dizer, ou melhor, tenho muito a dizer de todas as viagens que fiz que foram maravilhosas. Não saberia escolher apenas uma, mas vou contar aqui algumas histórias interessantes. Talvez já tenha comentado alguma coisa anteriormente, mas o Alzheimer me impede de lembrar.
RETIRANTE - Quando jovem tive a coragem de fazer algumas viagens de ônibus para cidades distantes. A primeira delas foi para São Luis (MA). São mais de dois dias. Já não me recordo mais, mas acho que leva umas 52 horas, salvo algum engano de minha parte. Quando voltei, o ônibus estava com defeito e eu e minha prima tivemos que dormir em Picos (PI) para fazer um conserto. A cidade é quente demais e a empresa de ônibus providenciou hotel para os passageiros. Não tinha ar condicionado no quarto e o ventilador não dava conta. A nossa opção foi encher a banheira e fazer um rodízio. A cada duas horas, uma ficava deitada com o ventilador em cima e a outra dormindo na banheira. Não sei como não pegamos uma pneumonia. Na volta, o ônibus veio devagar quase parando e quando chegamos no Rio, nossa família levou o maior susto quando nos viram completamente descabeladas, sujas, de roupas amarrotadas, fazendo os tênis de chinelo porque os nossos pés incharam de uma forma tal que não entraram mais. Parecíamos duas desesperadas.
A LARANJA - Não satisfeita com essa experiência anterior, no ano seguinte resolvi ir ao Recife por terra. O ônibus cheio de pessoas humildes que dividiram comidas, causos, tristezas, alegrias e sonhos. Apesar de cansativa, a viagem foi muito prazerosa, até que chegou um determinado pedaço da estrada que foi flórida. O ônibus devagar e balançando o tempo todo. Caiu uma laranja no chão que rolava de um lado para o outro. Eu sem conseguir dormir, fiquei observando aquela frutinha, até que teve alguém que resolveu pegá-la. Um senhor que também estava na poltrona do corredor disse uma frase que nunca mais esqueci: "Pegue não, a laranja está me divertindo". Só não soltei uma gargalhada em respeito aos que estavam dormindo, mas realmente o senhor estava certo. Observar aquela laranja era a única coisa que poderíamos fazer naquela noite monótona.
OS PÁSSAROS - Nessa viagem ao Recife, passei por uma cidade na Bahia (acho que é Itararé, Itacaré ou algo parecido) e tive oportunidade de ver uma cena inesquecível: uma árvore imensa cheia de pássaros cantando. O barulho era ensurdecedor. Nunca mais esqueci.
O PAQUERA - Estava em Paris e resolvi parar em um bistrô para comer alguma coisa na hora do almoço. Fui atendida por um garçom que praticamente me convidou para ir para a cama com ele. O cara me olhava de uma forma tal que parecia que eu era a última esperança da face da Terra. Fiquei sem ação e completamente surpresa com aquela investida. Só que eu estava muito apaixonada pelo meu namorado da época que iria chegar uns dias depois. Paguei a conta e saí sem dizer uma única palavra. Por um bom tempo me arrependi demais de ter tomado essa atitude, poderia ter tido uma tarde inesquecível, rsrsrs.
DESAFORO - Quando estive em Amsterdã, fiquei em um hotelzinho familiar com apenas 6 quartos. Se não me falha a memória o nome é Florence. As donas eram duas irmãs bem velhinhas e fofas. Ficaram encantadas comigo e não me cobraram algumas pequenas despesas. Na hora da despedida, quando disse que me tetravô era holandês, elas disseram para mim que agora compreendiam a razão de eu ser tão educada, mesmo sendo brasileira. Ouvi esse desaforo e tive que engolir. Não ia brigar com duas senhoras. Além do mais o meu Inglês não é suficiente para tal proeza.
CACHAÇA - Não posso tomar bebida destilada alguma porque passo mal. Cachaça para mim era coisa de alcoólico parado em porta de botequim, até que fiz uma viagem inesquecível por todo o Nordeste, dessa vez de avião. Em Maceió ficamos hospedados na casa de um usineiro que era marido de uma afilhada da minha sogra. Gente podre de rica. No final de semana fomos ao sítio dele que tinha um rio e ele colocou enormes pedras para os amigos sentarem como se fossem sofás sem encosto. Ele nos ofereceu cachaça que gentilmente recusamos. Eu disse que não podia beber. Ele nos ensinou a beber chupando caju. Cada gole uma chupada. Logicamente a cachaça dele era de primeiríssima qualidade. Tomei um dez copos pequenos e não senti absolutamente nada.
PRÁ TERMINAR - Fui passar uma semana em Teresópolis e telefonei para ex-empregada da minha tia para avisar que estava lá. Ela me ligou para conhecer a casa e a família dela. Quando cheguei os meus amigos não estavam porque tinha acontecido um problema qualquer. Fiquei parada na porta da casa que fazia parte de um conjunto bem humilde. Voltava para o hotel ou esperava mais um pouco? Uma família que morava em frente me convidou para entrar e fui recebida como uma rainha. Todos muito simples. Acabei almoçando, vi fotos, cartões de namorados apaixonados e um monte de outros tesouros daquelas pessoas. Essa espécie de gentileza só vejo em pessoas humildes. Nunca mais esqueci esse carinho.
Beijocas
Yvonne
RETIRANTE - Quando jovem tive a coragem de fazer algumas viagens de ônibus para cidades distantes. A primeira delas foi para São Luis (MA). São mais de dois dias. Já não me recordo mais, mas acho que leva umas 52 horas, salvo algum engano de minha parte. Quando voltei, o ônibus estava com defeito e eu e minha prima tivemos que dormir em Picos (PI) para fazer um conserto. A cidade é quente demais e a empresa de ônibus providenciou hotel para os passageiros. Não tinha ar condicionado no quarto e o ventilador não dava conta. A nossa opção foi encher a banheira e fazer um rodízio. A cada duas horas, uma ficava deitada com o ventilador em cima e a outra dormindo na banheira. Não sei como não pegamos uma pneumonia. Na volta, o ônibus veio devagar quase parando e quando chegamos no Rio, nossa família levou o maior susto quando nos viram completamente descabeladas, sujas, de roupas amarrotadas, fazendo os tênis de chinelo porque os nossos pés incharam de uma forma tal que não entraram mais. Parecíamos duas desesperadas.
A LARANJA - Não satisfeita com essa experiência anterior, no ano seguinte resolvi ir ao Recife por terra. O ônibus cheio de pessoas humildes que dividiram comidas, causos, tristezas, alegrias e sonhos. Apesar de cansativa, a viagem foi muito prazerosa, até que chegou um determinado pedaço da estrada que foi flórida. O ônibus devagar e balançando o tempo todo. Caiu uma laranja no chão que rolava de um lado para o outro. Eu sem conseguir dormir, fiquei observando aquela frutinha, até que teve alguém que resolveu pegá-la. Um senhor que também estava na poltrona do corredor disse uma frase que nunca mais esqueci: "Pegue não, a laranja está me divertindo". Só não soltei uma gargalhada em respeito aos que estavam dormindo, mas realmente o senhor estava certo. Observar aquela laranja era a única coisa que poderíamos fazer naquela noite monótona.
OS PÁSSAROS - Nessa viagem ao Recife, passei por uma cidade na Bahia (acho que é Itararé, Itacaré ou algo parecido) e tive oportunidade de ver uma cena inesquecível: uma árvore imensa cheia de pássaros cantando. O barulho era ensurdecedor. Nunca mais esqueci.
O PAQUERA - Estava em Paris e resolvi parar em um bistrô para comer alguma coisa na hora do almoço. Fui atendida por um garçom que praticamente me convidou para ir para a cama com ele. O cara me olhava de uma forma tal que parecia que eu era a última esperança da face da Terra. Fiquei sem ação e completamente surpresa com aquela investida. Só que eu estava muito apaixonada pelo meu namorado da época que iria chegar uns dias depois. Paguei a conta e saí sem dizer uma única palavra. Por um bom tempo me arrependi demais de ter tomado essa atitude, poderia ter tido uma tarde inesquecível, rsrsrs.
DESAFORO - Quando estive em Amsterdã, fiquei em um hotelzinho familiar com apenas 6 quartos. Se não me falha a memória o nome é Florence. As donas eram duas irmãs bem velhinhas e fofas. Ficaram encantadas comigo e não me cobraram algumas pequenas despesas. Na hora da despedida, quando disse que me tetravô era holandês, elas disseram para mim que agora compreendiam a razão de eu ser tão educada, mesmo sendo brasileira. Ouvi esse desaforo e tive que engolir. Não ia brigar com duas senhoras. Além do mais o meu Inglês não é suficiente para tal proeza.
CACHAÇA - Não posso tomar bebida destilada alguma porque passo mal. Cachaça para mim era coisa de alcoólico parado em porta de botequim, até que fiz uma viagem inesquecível por todo o Nordeste, dessa vez de avião. Em Maceió ficamos hospedados na casa de um usineiro que era marido de uma afilhada da minha sogra. Gente podre de rica. No final de semana fomos ao sítio dele que tinha um rio e ele colocou enormes pedras para os amigos sentarem como se fossem sofás sem encosto. Ele nos ofereceu cachaça que gentilmente recusamos. Eu disse que não podia beber. Ele nos ensinou a beber chupando caju. Cada gole uma chupada. Logicamente a cachaça dele era de primeiríssima qualidade. Tomei um dez copos pequenos e não senti absolutamente nada.
PRÁ TERMINAR - Fui passar uma semana em Teresópolis e telefonei para ex-empregada da minha tia para avisar que estava lá. Ela me ligou para conhecer a casa e a família dela. Quando cheguei os meus amigos não estavam porque tinha acontecido um problema qualquer. Fiquei parada na porta da casa que fazia parte de um conjunto bem humilde. Voltava para o hotel ou esperava mais um pouco? Uma família que morava em frente me convidou para entrar e fui recebida como uma rainha. Todos muito simples. Acabei almoçando, vi fotos, cartões de namorados apaixonados e um monte de outros tesouros daquelas pessoas. Essa espécie de gentileza só vejo em pessoas humildes. Nunca mais esqueci esse carinho.
Beijocas
Yvonne
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