Se todos os dias são iguais, torne-se diferente

Yvonne

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Brasileira, ariana nascida no Rio de Janeiro, morando atualmente em Guarapari, mulher, esposa e mãe. Gosto de artes em geral, de ler, de trocar idéias, de praia, de cinema, de tomar cerveja e de dar boas gargalhadas.

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MÍDIA

Queridos, quando criança eu sempre passei raspando em Português e o motivo é que simplesmente eu não conseguia fazer redação. Cresci com esse fantasma assombrando a minha vida, até que fui trabalhar na Direção de Câmbio de um grande banco. Comecei fazendo um textinho aqui, outro acolá e fui desenvolvendo esse meu lado. Cinco anos depois tive uma promoção e fui trabalhar em um setor que só redigia. Os colegas da minha divisão mandavam processos para nós contando qual era o problema e nós enviávamos correspondências para quem de direito.

Dessa forma, me tornei "expert" em correspondências bancárias. Isso não é nenhum privilégio meu e sim de qualquer pessoa que passa 8 horas por dia escrevendo. Eram mensagens em Português e em Inglês. Também não é grande coisa, porque todo bancário que trabalha na área de Câmbio e que aprendeu no colégio que "the book is on the table" acaba entendendo Inglês comercial. Por que estou contando essa história? Para que vocês saibam que eu não dominava o assunto de muitas dessas correspondências que eu escrevi ao longo dos anos. Eu conseguia a proeza de escrever vários parágrafos sobre algo que eu não estava entendendo lhufas.

A minha filha faz faculdade de Jornalismo e ela desde pequena escreve muito bem. Ela é simplesmente fantástica e até ganhou um prêmio da Prefeitura do Rio de Janeiro ao enviar uma linda história para um concurso. Foram mais de duas mil crianças e a redação dela ficou entre os primeiros 20 lugares. Não preciso dizer que ela está dando um show atrás do outro.

Pois bem, ontem ela tinha que escrever um trabalho sobre um filme que simplesmente ela não conseguiu ver de tão chato. Tentou duas vezes e acabou dormindo sem ver o final. Gente, ela conseguiu e arrasou. Fiquei super orgulhosa quando ela me pediu para que eu lesse. No entanto, lembrei de mim mesma e vi que algo estava errado. Como é que uma pessoa quer ser jornalista e escreve algo sem ter estudado bem o assunto?

Isso me chamou atenção e eu indaguei a mim mesma quantas notícias já devo ter lido em toda a minha vida que não tinham o menor cabimento. Sei que em um jornal, salvo os grandes colunistas, toda matéria tem que ser submetida a alguém para ser aprovada, mas será que quem aprova tem noção do que está fazendo?

Queridos, em tempos de tantos escândalos, de tanta informação uma atrás da outra, será que realmente nós estamos tomando conhecimento do que é verdadeiro? Vejam bem, não estou aqui defendendo ninguém envolvido em maracutaias e quero que todos eles sejam punidos (vai sonhando), mas pode ser que estejamos sendo ludibriados (mais teoria da conspiração impossível). Já disse para vocês que não leio mais a Veja porque essa revista tomou para si a divina tarefa de perseguir o Lula e o PT. O presidente já mostrou que tem mérito próprio e que não precisa de ninguém para derrubá-lo, pois ele mesmo se encarregou de dar motivos até para um impeachment, mas me recuso terminantemente a ler qualquer mídia que eu ache tendenciosa.

Nós, os pequeninos do mundo blogueiro, podemos nos dar ao luxo de atacar ou ovacionar qualquer pessoa porque o nosso número de leitores é irrisório, mas um grande jornal, principalmente os de grandes centros, tem que ter equilíbrio para contar a verdade sem maquiagem alguma. Esse deve ser o compromisso para com o leitor.

Ainda não tive oportunidade de conversar com a minha filha, visto que ela dormiu na casa de uma colega para terminar um trabalho, mas vou dar um puxão de orelhas nela. Se escolheu essa profissão, tem que ter seriedade para saber bem o que está escrevendo.

Beijocas

Yvonne