Se todos os dias são iguais, torne-se diferente

Yvonne

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Brasileira, ariana nascida no Rio de Janeiro, morando atualmente em Guarapari, mulher, esposa e mãe. Gosto de artes em geral, de ler, de trocar idéias, de praia, de cinema, de tomar cerveja e de dar boas gargalhadas.

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RIDÍCULAS?

Amigos,

Em seu penúltimo post, Engraçadinha fala da transformação de sua mãe nos últimos tempos. Ela, até então uma pessoa separada que nunca aproveitou a vida, agora está querendo se parecer com uma menina e quem sabe arrumar um novo amor. Fiquei pensando sobre esse assunto e me coloquei no lugar de uma filha que vê a sua mãe fazendo coisas um tanto ou quanto inadequadas para a sua idade e cheguei a conclusão de que Milton Nascimento está certo ao afirmar que "qualquer maneira de amar vale a pena, qualquer maneira de amor valerá" (Música Paula e Bebeto).

Venho de uma família bastante reprimida sexualmente falando e foi um processo doloroso me libertar de um monte de amarras que tolhiam a minha espontaneidade. Ainda restam algumas poucas, mas essas não têm mais importância porque não as vejo mais como um grande problema e sim como parte daquilo que acredito que é correto PARA MIM.

Voltando à minha família, percebo nitidamente que todas foram feitas no mesmo molde: mães extremadas que suportam qualquer tipo de situação em nome da "paz" familiar, mulheres que nunca se separam (minha mãe nunca concedeu o divórcio ao meu pai), mulheres que ficam viúvas e não têm mais homem algum, grande dificuldade de falar palavrões sinônimos de pênis e vagina, total impossibilidade de dar um beijo na boca em público e por aí vai. Faço parte de uma sagrada família católica e a geração seguinte que rompeu com tudo isso a duras penas ainda tem dificuldade de confessar suas preferências sexuais para os pais. Minha mãe morreu sem nunca ter dado ao meu irmão o direito de ele dizer para ela que é gay. Segredos, culpas, medo de castigo, ou seja, um perigoso coquetel que pode levar um ser humano a cometer uma loucura.

Ao ver mulheres como duas famosas apresentadoras de televisão (paulistanas, louras e super gente fina, cujos nomes não vou dizer por causa do Google), fico pensando em um primeiro momento que elas são ridículas por terem atração por homens mais jovens. É um preconceito herdado que eu não tenho vergonha de assumir. Por outro lado, como eu também sou super gente fina que respeita o direito alheio, pergunto: "O que é que eu tenho a ver com isso?". As duas trabalham, ganham muito bem, pagam seus compromissos, são cidadãs que pagam seus impostos, não se metem na vida sexual de ninguém e querem curtir um garotão.

Fazendo uma comparação com mulheres que mesmo mais velhas não perdem o frescor da juventude, fico pensando na minha triste mãe que nunca permitiu que um homem a chamasse de Maria. Qualquer um que ousasse fazer isso, ela, com menos de cinqüenta anos, dizia "Dona Maria". Só teve um único homem e não soube aproveitar a vida depois de separada. O único prazer que ela se permitia era ir ao cinema e só voltou a freqüentar teatros, bares e restaurantes quando eu e meu irmão ficamos adultos. Aí começou a curtir um pouco mais a vida, ainda assim do nosso lado.

Mamãe era linda, quando nova tinha o tipo físico da Bruna Lombardi com olhos verdes claros, pele naturalmente bronzeada e o cabelo dourado com fios brancos. Corpo de violão, quadris largos, pernas grossas e lindos seios grandes. Lembro-me dela andando pelas ruas e todos os homens olhando para ela. Era uma deusa.

Tudo bem, todo mundo tem o direito de não querer sexo e encontrar alegria sendo pai ou mãe. É uma opção de vida também e não deve ser desconsiderada, mas que isso seja feito de forma prazerosa e não por repressão. Essa repressão foi tão grande que gerou duas graves doenças - Transtorno Obsessivo Compulsivo e Depressão. No final, não sabendo mais lidar com seus pesadíssimos e cruéis fantasmas acabou tendo um AVC e enlouqueceu de vez. Alguns de vocês já conhecem essa história.

Sabem de uma coisa? Foi uma maravilhosa mãe, mas eu teria adorado se ela tivesse se tornado uma coroa da pá virada. Talvez eu não tivesse gostado de ter uma mãe meio galinha, mas ao menos assim ela teria tido uma vida agitada e com momentos de alegria. Provavelmente teria muitos dissabores também, mas esse é o preço a ser pago para ser uma pessoa livre.

Por essa razão, quero dar um viva às louras paulistanas, à cantora que é casada com um homem com idade para ser filho dela e àquela atriz que passou por um vexame sem precedentes recentemente e ainda assim resolveu fazer o que lhe deu na veneta e deu a volta por cima. São mulheres que não estão nem um pouco interessadas nas nossas opiniões. Elas apenas querem ser felizes. Se serão, não sei dizer, mas pelo menos elas correm atrás.

Beijocas

Yvonne