Amigos, a Ana e o Valter, blogueiros de primeira grandeza e casados, resolveram contar em seus respectivos blogs o motivo de terem ido morar em Mongaguá, no litoral de São Paulo. Aproveitei a dica e vou contar para vocês a razão de eu ter saído do Rio de Janeiro para morar em Guarapari. As pessoas que me freqüentam há mais tempo já conhecem parte dessa história.
Pois bem, no final de 2004, eu quase me separei do meu marido. Foi uma crise forte que nos abateu demais e foi muito doloroso decidir que a melhor opção para nós dois era cada um seguir o seu caminho. Nós sempre fomos muito amigos e muito ligados. Não um casal, mas uma verdadeira dupla. Como poderíamos ficar separados? Só que casamento não é só amizade para pessoas relativamente jovens, é preciso algo mais, o que não tínhamos.
Só que houve uma verdadeira reviravolta e voltamos a ter paixão, mas estávamos com receio de que a rotina pudesse nos trazer o marasmo novamente. Então decidimos que iríamos morar em casas separadas na mesma rua. Cheguei a procurar um apartamento de sala e quarto para ele. Iríamos ficar muito duros, mas seria melhor. Comuniquei essa decisão a alguns amigos, um deles de mil anos que tinha se mudado para cá. Preocupado com essa história, ele foi ao Rio para conversar conosco. Ficou pasmo quando nos viu na maior alegria, como fôssemos dois namoradinhos adolescentes. Foi uma tarde agradabilíssima.
Nosso amigo aproveitou e nos convidou para passar uns dias em Guarapari. Para minha surpresa, o Antonio imediatamente disse que sim. Eu fiquei besta porque ele não gosta de viajar. Em abril de 2005, vim passar o meu aniversário aqui e de cara nos apaixonamos pela cidade. Em junho, viemos novamente e aí começamos a pensar na possibilidade de nos mudarmos para cá. Ainda estava um pouco na dúvida por causa da minha filha, até que um dia eu saí para sacar dinheiro no banco, sem pressa alguma de resolver problema algum, quando fiquei irritada com uma senhora que estava andando numa calçada muito estreita, de bengala, com uma acompanhante do lado. Qualquer pessoa poderia perceber que essa senhora estava se recuperando de um derrame, doença que minha mãe teve. Os carros estavam estacionados de maneira tal que eu não podia ir para o asfalto. Então fiquei atrás da tal senhora muito fula da vida.
Nesse dia, eu percebi nitidamente que eu estava doente. Como poderia me irritar com uma velhinha que estava tentando passear? Como poderia ter tal sentimento por alguém que estava passando pelos mesmos problemas da minha mãe antes de morrer? Um dia, eu também estarei velha e quero ter o direito de dar uma voltinha. Quem quiser que se dane com o meu andar devagar. Isso acontece com quem mora em um grande centro, as pessoas vivem estressadas com compromissos, relógios, afazeres e acabam se esquecendo que em primeiro lugar, é preciso ter delicadeza. Logicamente, estava estressada, mas não mal educada ao ponto de falar alguma coisa ou mostrar a minha impaciência.
Comecei a prestar atenção a tudo: camelôs, engarrafamentos de carro, trânsito de pessoas nas calçadas (contado não se acredita, mas no Rio, em determinadas ruas e horas, não há condições de andar mais rápido nas calçadas). Quis me mudar para uma cidade com menos gente. Não tem nada a ver com violência, pois eu sou espírita e fatalista. Acredito que não existe bala perdida e sim certeira. Se eu tiver que morrer assassinada, vai ser no Rio, em Guarapari ou no Parque Nacional do Xingu. A minha confiança é tão grande que quando vim para cá, deixei a minha filha no Rio para acabar com o seu estágio.
Em agosto voltamos novamente, mas dessa vez para tomar conhecimento do que a cidade poderia nos oferecer. Em cinco meses organizamos a nossa vida, demos um monte de coisas, visto que viemos morar em um apartamento mobiliado que seria nosso tão logo o do Rio fosse vendido. No dia 26.12.2005, exatamente um ano depois da maior crise emocional da minha vida, viemos para cá.
É uma cidade pequena com muitos dos confortos que uma grande oferece. Tem a vantagem de fazer parte da Grande Vitória que fica a uma hora de distância passeando sem pressa alguma pela Rodovia do Sol. Moro em um ponto nobre que seria o equivalente ao Arpoador no Rio, o que seria impossível para a nossa renda. Não teria condições de morar em casa porque tanto eu como também o meu marido sempre vivemos em apartamento e não nos sentimos seguros. Em compensação, de qualquer janela do meu apartamento vê-se uma praia. Na frente, Praia das Virtudes, da cozinha e da área, a Praia da Fonte, toda a extensão da Praia do Morro (parece com Copacabana antes de ter sido aterrada) com direito a um pedacinho da Praia da Cerca. É um privilégio só. Nessa foto, vocês poderão ver uma setinha vermelha que está apontada para o meu prédio.
Perdi em alguns aspectos, principalmente os relacionados à cultura. Para quem é cinéfila, é doloroso saber que alguns filmes jamais passarão em Vitória e principalmente aqui, mas isso é um problema facilmente contornável porque tenho todos os canais da Sky e, além disso, posso alugar DVD. Um dia acabo vendo. Me afastei das minhas amigas com quem eu me encontrava uma vez por semana para falarmos besteiras. Também não é problema, porque eu as vejo uma vez a cada mês e meio. Meu enteado ficou por lá, mas não doeu muito porque ele já era casado. Sinto falta do meu irmão, mas como eu estou sempre indo lá e ele também vem aqui, a saudade não dói tanto. E quanto aos demais parentes, é sempre uma festa quando eu os visito.
Aqui eu não uso relógio, desaprendi a andar de salto alto e os meus vestidos mais chiques são os mesmos que eu tinha quando morava no Rio. Tudo ficou mais simples e o tempo é mais devagar. Minha pele começa dar sinais que eu estou envelhecendo porque eu vou à praia todos os dias. Não há protetor solar e creme hidratante que dêem conta de tanto sol, mas não vou abrir mão do meu maior prazer.
Amo o Rio e chego a brigar quando alguém ousa falar mal da minha cidade na minha frente. Não permito mesmo, mas a vida aqui está bem melhor. Daqui só saio para um local menor. A cidade vai crescer porque vai ter alguma coisa da Petrobrás que eu não sei bem o que é. Caso fique insuportável, caio fora novamente. Bom amigos, como diria Ana Carolina, é isso aí, rsrsrs.
Aproveitando a oportunidade, gostaria de informar a vocês que hoje a noite estarei viajando para o Rio. Meu pimpolho fará aniversário na próxima quinta e eu quero estar lá pra lamber a cria que não saiu da minha barriga, mas é como se tivesse saído. Não terei Internet e muito menos tranqüilidade para visitar vocês. O meu tempo já está todo tomado. Na sexta a noite estarei de volta, mas como preciso de dois dias para voltar ao normal, só lá pela segunda voltarei a vida blogueira.
Milhões de beijocas para todos vocês
Yvonne
P.S.: Não se esqueçam da blogagem coletiva que eu mencionei no post abaixo.
Pois bem, no final de 2004, eu quase me separei do meu marido. Foi uma crise forte que nos abateu demais e foi muito doloroso decidir que a melhor opção para nós dois era cada um seguir o seu caminho. Nós sempre fomos muito amigos e muito ligados. Não um casal, mas uma verdadeira dupla. Como poderíamos ficar separados? Só que casamento não é só amizade para pessoas relativamente jovens, é preciso algo mais, o que não tínhamos.
Só que houve uma verdadeira reviravolta e voltamos a ter paixão, mas estávamos com receio de que a rotina pudesse nos trazer o marasmo novamente. Então decidimos que iríamos morar em casas separadas na mesma rua. Cheguei a procurar um apartamento de sala e quarto para ele. Iríamos ficar muito duros, mas seria melhor. Comuniquei essa decisão a alguns amigos, um deles de mil anos que tinha se mudado para cá. Preocupado com essa história, ele foi ao Rio para conversar conosco. Ficou pasmo quando nos viu na maior alegria, como fôssemos dois namoradinhos adolescentes. Foi uma tarde agradabilíssima.
Nosso amigo aproveitou e nos convidou para passar uns dias em Guarapari. Para minha surpresa, o Antonio imediatamente disse que sim. Eu fiquei besta porque ele não gosta de viajar. Em abril de 2005, vim passar o meu aniversário aqui e de cara nos apaixonamos pela cidade. Em junho, viemos novamente e aí começamos a pensar na possibilidade de nos mudarmos para cá. Ainda estava um pouco na dúvida por causa da minha filha, até que um dia eu saí para sacar dinheiro no banco, sem pressa alguma de resolver problema algum, quando fiquei irritada com uma senhora que estava andando numa calçada muito estreita, de bengala, com uma acompanhante do lado. Qualquer pessoa poderia perceber que essa senhora estava se recuperando de um derrame, doença que minha mãe teve. Os carros estavam estacionados de maneira tal que eu não podia ir para o asfalto. Então fiquei atrás da tal senhora muito fula da vida.
Nesse dia, eu percebi nitidamente que eu estava doente. Como poderia me irritar com uma velhinha que estava tentando passear? Como poderia ter tal sentimento por alguém que estava passando pelos mesmos problemas da minha mãe antes de morrer? Um dia, eu também estarei velha e quero ter o direito de dar uma voltinha. Quem quiser que se dane com o meu andar devagar. Isso acontece com quem mora em um grande centro, as pessoas vivem estressadas com compromissos, relógios, afazeres e acabam se esquecendo que em primeiro lugar, é preciso ter delicadeza. Logicamente, estava estressada, mas não mal educada ao ponto de falar alguma coisa ou mostrar a minha impaciência.
Comecei a prestar atenção a tudo: camelôs, engarrafamentos de carro, trânsito de pessoas nas calçadas (contado não se acredita, mas no Rio, em determinadas ruas e horas, não há condições de andar mais rápido nas calçadas). Quis me mudar para uma cidade com menos gente. Não tem nada a ver com violência, pois eu sou espírita e fatalista. Acredito que não existe bala perdida e sim certeira. Se eu tiver que morrer assassinada, vai ser no Rio, em Guarapari ou no Parque Nacional do Xingu. A minha confiança é tão grande que quando vim para cá, deixei a minha filha no Rio para acabar com o seu estágio.
Em agosto voltamos novamente, mas dessa vez para tomar conhecimento do que a cidade poderia nos oferecer. Em cinco meses organizamos a nossa vida, demos um monte de coisas, visto que viemos morar em um apartamento mobiliado que seria nosso tão logo o do Rio fosse vendido. No dia 26.12.2005, exatamente um ano depois da maior crise emocional da minha vida, viemos para cá.
É uma cidade pequena com muitos dos confortos que uma grande oferece. Tem a vantagem de fazer parte da Grande Vitória que fica a uma hora de distância passeando sem pressa alguma pela Rodovia do Sol. Moro em um ponto nobre que seria o equivalente ao Arpoador no Rio, o que seria impossível para a nossa renda. Não teria condições de morar em casa porque tanto eu como também o meu marido sempre vivemos em apartamento e não nos sentimos seguros. Em compensação, de qualquer janela do meu apartamento vê-se uma praia. Na frente, Praia das Virtudes, da cozinha e da área, a Praia da Fonte, toda a extensão da Praia do Morro (parece com Copacabana antes de ter sido aterrada) com direito a um pedacinho da Praia da Cerca. É um privilégio só. Nessa foto, vocês poderão ver uma setinha vermelha que está apontada para o meu prédio.
Perdi em alguns aspectos, principalmente os relacionados à cultura. Para quem é cinéfila, é doloroso saber que alguns filmes jamais passarão em Vitória e principalmente aqui, mas isso é um problema facilmente contornável porque tenho todos os canais da Sky e, além disso, posso alugar DVD. Um dia acabo vendo. Me afastei das minhas amigas com quem eu me encontrava uma vez por semana para falarmos besteiras. Também não é problema, porque eu as vejo uma vez a cada mês e meio. Meu enteado ficou por lá, mas não doeu muito porque ele já era casado. Sinto falta do meu irmão, mas como eu estou sempre indo lá e ele também vem aqui, a saudade não dói tanto. E quanto aos demais parentes, é sempre uma festa quando eu os visito.
Aqui eu não uso relógio, desaprendi a andar de salto alto e os meus vestidos mais chiques são os mesmos que eu tinha quando morava no Rio. Tudo ficou mais simples e o tempo é mais devagar. Minha pele começa dar sinais que eu estou envelhecendo porque eu vou à praia todos os dias. Não há protetor solar e creme hidratante que dêem conta de tanto sol, mas não vou abrir mão do meu maior prazer.
Amo o Rio e chego a brigar quando alguém ousa falar mal da minha cidade na minha frente. Não permito mesmo, mas a vida aqui está bem melhor. Daqui só saio para um local menor. A cidade vai crescer porque vai ter alguma coisa da Petrobrás que eu não sei bem o que é. Caso fique insuportável, caio fora novamente. Bom amigos, como diria Ana Carolina, é isso aí, rsrsrs.
Aproveitando a oportunidade, gostaria de informar a vocês que hoje a noite estarei viajando para o Rio. Meu pimpolho fará aniversário na próxima quinta e eu quero estar lá pra lamber a cria que não saiu da minha barriga, mas é como se tivesse saído. Não terei Internet e muito menos tranqüilidade para visitar vocês. O meu tempo já está todo tomado. Na sexta a noite estarei de volta, mas como preciso de dois dias para voltar ao normal, só lá pela segunda voltarei a vida blogueira.
Milhões de beijocas para todos vocês
Yvonne
P.S.: Não se esqueçam da blogagem coletiva que eu mencionei no post abaixo.
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