Se todos os dias são iguais, torne-se diferente

Yvonne

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Brasileira, ariana nascida no Rio de Janeiro, morando atualmente em Guarapari, mulher, esposa e mãe. Gosto de artes em geral, de ler, de trocar idéias, de praia, de cinema, de tomar cerveja e de dar boas gargalhadas.

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PÃO COM GOIABADA

O Jôka contou há algum tempo uma história de sua infância que me fez lembrar uma outra minha um tanto triste: o ano de minha primeira comunhão. Tinha apenas oito anos de idade e tive que fazer o catecismo. Fiquei bastante empolgada porque iria usar uma daquelas roupas que era quase um vestido de noiva. Só que não foi bem assim.

As aulas eram dadas na Igreja da Matriz de São João Batista em Botafogo. As crianças tinham que entrar pelos fundos, subir uma escadaria empoeirada e ter as aulas em uma sala úmida. O padre parecia ter saído de um filme passado durante a Inquisição, um verdadeiro terrorista católico que fazia ameaças sem fim para as crianças. Eu morria de medo de ir para o inferno. Tinha medo também do Espiritismo, de Umbanda e de tudo mais. Só me levantava da cama depois que alguém olhasse em baixo para ver se não tinha algum trabalho. A casa era vasculhada, como também o prédio. Esse padre falava horrores a respeito dessas religiões.

Até que chegou o dia em que nós iríamos no confessar para podermos fazer a comunhão. Olhei bem os Dez Mandamentos e vi que só tinha pecado no que diz respeito a honrar pai e mãe. No entanto, eu precisava achar um outro para não ficar com apenas um. Optei por "não roubar" porque na arca da sala tinha uma vasilha em que colocávamos todas as moedas da casa que poderiam ser pegas por todos. Eu preferi encarar aquilo como roubo e achei que o tal padre ficaria satisfeito com o fato de eu ser uma grande pecadora.

Só que o inquisidor me passou a maior espinafração no confessionário e na frente das crianças. Foi horrível e eu fiquei muito traumatizada. Além desse fato, ainda tinha um outro pior ainda: as missas ao domingo pela manhã que eram dedicadas às crianças classe média e principalmente as pobres que moravam na Favela de Santa Marta. Quando a missa acabava as beatas davam lanches para a meninada. Sempre era uma banana e um pão com goiabada. As mais humildes ficavam agitadas e empurravam todo mundo. Eu não queria aquele lanche que minha mãe me forçava a comer para eu saber que tinha muita gente com fome nesse mundo que comeria qualquer coisa enquanto eu fazia cara de poucos amigos para alguns pratos.

De uma certa forma a tortura funcionou porque eu nunca roubei na vida e na medida do possível sou sempre generosa com crianças necessitadas, mas sabe Deus o preço que paguei e que ainda pago pois sofro de culpa católica. Como conseqüência, só freqüentei as missas por apenas poucos anos, minha filha não fez primeira comunhão e eu nunca mais comi pão com goiabada. Simples não?
Agora vem o Papa que quer missas rezadas em Latim e diz que o segundo casamento é uma praga da Humanidade. Não aceitou um show do Elthon John por ser assumidamente homossexual e rejeitou até mesmo a virginal Sandy e seu irmão. Dá vontade de rir, ou seria chorar?

Beijocas

Yvonne