Se todos os dias são iguais, torne-se diferente

Yvonne

Minha foto
Brasileira, ariana nascida no Rio de Janeiro, morando atualmente em Guarapari, mulher, esposa e mãe. Gosto de artes em geral, de ler, de trocar idéias, de praia, de cinema, de tomar cerveja e de dar boas gargalhadas.

Enter your email address:

Delivered by FeedBurner

BlogGente

Gente de Opinião

Seguidores do blogger

Gente que Olha, nem sempre opina...

Arquivo BlogGente

Faça a sua parte


Site Meter eXTReMe Tracker
Powered By Blogger

VOLTAR A VIVER

Outro texto escrito em abril de 2003 para o meu extinto e querido grupo do Yahoo. A falta de inspiração está grande.

Fernanda estava deitada na cama vendo o excelente filme “Uma relação pornográfica” e começou a sentir uma certa aflição no seu coração. Apesar do título, a fita não é pornográfica, no entanto sugere muito sexo feito de início sem amor, para no final do relacionamento virar uma forte paixão. Não soube entender bem o que estava se passando com ela, mas começou a sentir um enorme tesão, uma vontade de estar nos braços de um homem que a fizesse subir pelas paredes e pela primeira vez na vida fez uma coisa que não é muito chegada: masturbou-se. Não ficou satisfeita, pois nunca entendeu como é que uma pessoa se sente satisfeita sozinha. Qando seu marido se deitou na cama já para dormir, ela se aproximou dele e fez um sexo bastante gostoso. O relacionamento entre eles era muito especial e apesar dos anos de casamento, nunca houve monotonia.

Fernanda, porém não ficou satisfeita, ela queria outra pessoa, queria a paixão. Daquela noite em diante sua vida passou a ser uma enorme sofreguidão, olhando todos os homens que estavam em sua volta. Sem entender bem a razão, começou a sentir um enorme desejo de estar com muitos deles. Ficou mais bonita, seus olhos começaram a brilhar mais do que nunca, sua pele ficou brilhante, seu andar adquiriu um cadenciado que nunca tinha aparecido antes e como num passe de mágica os homens voltaram a olhar para ela com desejo. Ela sabia que estava no cio e os machos reconheciam o cheiro que teimava em sair do seu corpo. Ela era uma mulher que estava na plenitude do sexo.

Suas noites com o marido ficaram muito mais animadas. Ele estava muito feliz com o furor sexual da mulher, mas nem de longe poderia imaginar que ele não era o responsável pela erupção daquele vulcão. Fernanda queria sempre mais, queria que ele desse conta de todos os demais homens do mundo. Sentiu um enorme complexo de culpa, mas ainda assim continuou desejando estar com outra pessoa.

Um dia, ao correr para tomar o metrô para ir ao trabalho, se espatifou no chão da calçada. Foi socorrida pelo segurança que estava próximo a ela. Ao sentir o toque daquelas mãos, Fernanda pensou que fosse enlouquecer, mas ainda se segurou, agradeceu pela gentileza e caminhou calmamente pela rua. Decidiu que teria que tomar providências com relação a sua vida, iria conversar com o marido naquela noite.

Ligou para o trabalho do marido e combinou um happy-hour no final do dia. Na hora marcada ele já estava lá com uma cara bem feliz. Conversaram sobre besteiras e ela finalmente começou a se desabafar com o marido. Contou tudo desde o início, não omitiu nenhum detalhe. Ele calado ouvindo aquilo tudo sem dar uma só palavra. Fernanda ficou apreensiva ante o mutismo do marido. A única coisa que ele disse é que estava emocionado demais para tecer quais comentários, ficou de conversar depois que se acalmasse.

Por essa Fernanda não esperava, em seus 15 anos de casada, nunca houve uma discussão que ficasse para ser resolvida no dia seguinte, era tudo falado na hora. Foram para casa e dormiram sem dar uma palavra. Essa situação ficou assim por 3 dias, até que um dia o marido falou que estava pensando em passar um final de semana sozinho com ela, sem as crianças por perto. Fernanda ficou animada, se preparou para essa pequena viagem, deixou os filhos com a mãe e viajou com o marido.

Instalaram-se no hotel, decidiram tomar um sol na piscina tomando uma cervejinha e finalmente o marido começou a falar. Disse que ficou arrasado porque ele jamais poderia imaginar que sua mulher não estivesse satisfeita com ele. Quando ela retrucou dizendo que sempre sentiu prazer em estar com ele na cama, ele respondeu que ainda assim não estava dando conta do recado, seu lado machista estava aos frangalhos. Ainda assim, compreendeu o que estava se passando com Fernanda porque ele mesmo também estava desejando ter muitas mulheres que via pelas ruas. Disse que chegou ao ponto de comprar a revista Playboy com a Sheila Carvalho e que se masturbava de madrugada vendo as fotos dela.

O papo correu de forma tranqüila e equilibrada, quando Fernanda indagou a ele sobre o que fariam a partir daquele momento. Ele respondeu que não fariam nada, que continuaram a ficar juntos como sempre estiveram, ele não saberia viver sem ela e tinha certeza de que a recíproca é verdadeira. Fernanda se calou, sem entender bem o que estava se passando com ele. Para surpresa dela, o marido lhe disse uma frase que deve ter custado muito caro a ele: “Você está livre para ter todos os homens que desejar, desde que fique ao meu lado e que só transe comigo quando realmente estiver desejando a mim e não outra pessoa”. Fernanda amou aquele homem mais do que nunca e desejou dar a ele o melhor sexo que ele poderia ter na vida. Voltaram para o chalé e pela primeira vez em muitos anos sentiu que chegou ao clímax de uma relação sexual em que houve total junção de corpos, mentes e almas. Ninguém mais a amaria daquela forma, aquele homem era dela como também ela lhe pertencia. Poderia ter todos os homens do mundo, mas aquele seria o único que traria total satisfação para ela.

Subitamente, Fernanda sentiu que toda aquela agonia, aquele tesão foi se aquietando e ela foi tomada por uma paz indescritível, se aconchegou nos braços do marido e quis dormir, mas achou que aquele momento estava especial demais para não ser vivido. E os dois ficaram juntos, abraçados, se sentindo uma só pessoa.

Amigos,

Esses fatos aconteceram com uma amiga minha e eu só estou enviando a vocês depois que ela autorizou. Logicamente o nome dela não é Fernanda. Nós fomos ver o filme "As horas" e depois fomos fazer um lanche quando ela me contou tudo. De qualquer forma, essa experiência deveria ser apreciada por muitos homens e mulheres que se preocupam com os chifres. Esse homem teve a sensibilidade de entender o que aconteceu com a sua mulher e a deixou a vontade para viver a própria vida. Dando liberdade a ela para traí-lo, ele a teve de volta sem que ela tivesse se envolvido com ninguém. Esse texto é uma homenagem a todos os homens que abrem mão de conceitos machistas em nome do amor por suas mulheres.
Beijocas
Yvonne