Se todos os dias são iguais, torne-se diferente

Yvonne

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Brasileira, ariana nascida no Rio de Janeiro, morando atualmente em Guarapari, mulher, esposa e mãe. Gosto de artes em geral, de ler, de trocar idéias, de praia, de cinema, de tomar cerveja e de dar boas gargalhadas.

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O ANO NOVO CHINÊS


Amigos, como ainda estou doente, apesar de ter ido ao médico, lanço mão do texto abaixo que foi escrito em agosto de 2003 para um grupo do Yahoo. Leiam:

O ano foi 2000, o mês acho que foi janeiro. Fomos convidados para ir a uma festa em um templo budista em comemoração do ano novo chinês. Esse templo fica em uma aprazível rua no Grajaú e é um dos locais mais lindos que já vi na vida. Seria uma tarde de domingo maravilhosa porque haveria uma cerimônia religiosa, comida a vontade e apresentação de algumas lutas marciais. Lá fomos nós, inclusive o nosso filho com a namorada daquela época. Encontramos os amigos do meu marido do Tai Chi Chuan, uns chineses conhecidos nossos, ganhamos umas lembrancinhas lindas. Tudo estava transcorrendo às mil maravilhas. Começou a cerimônia religiosa e subimos para a parte de cima da casa onde se encontra o templo propriamente dito, uma maravilha toda cheia de imagens tendo como cores mais freqüentes o dourado e o vermelho.

Chegaram os dois monges que iriam coordenar as orações (desculpem-me, o verbo não é esse, mas não me lembro qual é o correto). Ele um chinês que veio para o Brasil e que se tornou abrasileirado depois de um tempo e ela uma chinesa/paulista que abriu mão de tudo, raspou a cabeça e está muito feliz com essa opção de vida. As rezas seriam em Mandarim, para nós estava tudo bem. Tudo vale a pena quando a alma não é pequena, como diria Fernando Pessoa.

Homens para um lado, mulheres para outro e começaram as orações. Só que não nos avisaram um pequeno detalhe: para cada 10 palavras ditas, as pessoas se ajoelham e fazem uma reverência balançando a cabeça para frente umas 3 vezes. Levanta-se, fala-se mais 10 palavras e começa tudo novamente. Os chineses fazendo isso na maior tranqüilidade, os brasileiros um pouco aflitos. E desce e balança a cabeça e sobe e desce e balança a cabeça e sobe. Olhei de lado para a minha ex-norinha, ela suada, eu também (era verão), meus cabelos começando a fazer uns cachos, até que, após um bom tempo, eu não agüentei mais, peguei a mão dela e saí do local cheia de constrangimentos, mas feliz da vida. Descemos para o primeiro andar e sentamos exaustas em um banco sem dizer uma única palavra por alguns minutos.

Acabada a cerimônia, descem as demais pessoas e a gente fazendo olhar de paisagem. Aí o meu marido e meu filho contaram o que eles passaram. Um senhor, conhecido nosso, é um dos maiores gozadores do mundo. É impossível ficar do lado dele sem soltar gargalhadas. Ele é grão-mestre de uma luta marcial chamada Kempô (uma fera), um cara sério em suas atividades, mas uma figura muito engraçada. Eles ficaram na segunda ou terceira fila dos homens, quase que de frente para os monges. Lá pelas tantas depois de tanto desce, balança a cabeça e sobe, ele começou a falar bem baixinho, com a expressão mais tranqüila do mundo, o seguinte: "Desce filho da puta", "Levanta filho da puta". Meu marido e meu filho, além de estarem exaustos, ainda tinham que controlar a vontade de soltar gargalhadas. Eles aproveitavam o momento de balançar a cabeça para rir, até que finalmente acabou a cerimônia.Quando eles chegaram ao pátio, estavam roxos de tanto rir.

Relaxamos e esperamos pela comida que iria ser servida. Todo mundo de água na boca, sem almoçar, esperando pelas delícias da culinária chinesa que adoramos. Só que não nos avisaram de dois pequenos detalhes: aqueles budistas são vegetarianos e os monges não podem comer temperos. Meu Deus do Céu, foi um tal de aparecer comida sem graça. Eu e o meu marido nos adaptamos a qualquer coisa, mas nosso filho e a ex-namorada que são carnívoros e ainda estão naquela fase da juventude em que se odeia legumes e verduras padeceram e torceram para comer o pão que o diabo amassou que, com certeza, iria ser mais gostoso do que os pratos que estavam no banquete. Acabaram comendo um yakisoba de legumes.

Amigos, o programa só não foi pior porque estávamos cercados de pessoas queridas. Ademais, a apresentação das lutas marciais foi realmente fantástica, principalmente o Kung Fu, em todas as modalidades. Ficamos todos maravilhados.

Quando estávamos prestes a ir embora, subi sozinha para o templo, fiz a minha própria reza, pedi proteção para mais um ano que estava "começando" naquele dia, pedi desculpas por não ter ficado até o final da cerimônia e saí feliz da vida. Quando chegamos em casa, pedimos pizza na Parmê e nos deliciamos como nunca. Minha ex-norinha e eu comendo praticamente deitadas na minha cama, enquanto os homens estavam inteirões da silva. Quem manda não ter um bom preparo físico?

Amigos, experiência dos outros nunca conta para nós, mas fiquem cientes de uma coisa: se algum dia convidarem vocês para uma festa dessas, procurem saber antes se tem o desce e sobe. Quem avisa amigo é.

Beijocas

Yvonne