Se todos os dias são iguais, torne-se diferente

Yvonne

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Brasileira, ariana nascida no Rio de Janeiro, morando atualmente em Guarapari, mulher, esposa e mãe. Gosto de artes em geral, de ler, de trocar idéias, de praia, de cinema, de tomar cerveja e de dar boas gargalhadas.

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CONFISSÕES DE UMA COROA APAIXONADA


Primeira segunda-feira de agosto de 1977. Tinha passado as férias em São Luís (MA) no mês anterior e agora dava início a um novo período na minha vida. Tinha sido promovida e iria trabalhar em um departamento da Direção Geral do banco. Um novo ambiente com possibilidades de fazer uma boa carreira. Logo nos primeiros dias apareceu uma menina com uma lista para comprar um presente de casamento para um funcionário. Como eu tinha recém chegado, ela passou direto por mim. Ainda assim, eu a chamei e disse que queria participar.

Naquela época, eu tinha um namoro meio complicado e era muito apaixonada pelo rapaz. Eu nunca pensei que fosse possível alguém amar tanto uma pessoa como eu amava. Ele também gostava de mim, só que não do mesmo jeito. Por mais que eu me esforçasse, o namoro não emplacava direito. Esse relacionamento começou em 1974 e durou oito anos entre términos e voltas. Não conseguíamos ficar juntos, mas também era impossível vivermos separados. Nunca consegui entender o motivo daquela situação.

Em 1982, coloquei na minha cabeça que já era hora de me casar e ter uma família. Comecei a me preparar para conhecer o homem da minha vida. Foi uma das tarefas mais lindas da minha vida. Prá início de conversa, me afastei um pouco do namorado que passou a ser um "ficante" com quem eu saía vez por outra. Não podia dar fim àquela situação com medo de que acontecesse o que sempre acontecia. Eu terminava, morria de saudades e depois voltava. Já estava cansada de ser sem vergonha. Ele também era assim. Uma dupla de complicados. Então me limitei a analisar toda a minha vida.

Deixei de sair com os amigos e ficava bastante tempo dentro de casa. Só ia para uma festa ou barzinho se fosse por algum motivo bem interessante. Sair por carência afetiva, nem pensar. O futuro homem da minha vida não iria estar em um lugar de paquera. Só fazia programas culturais. Minhas manhãs de sábado e domingo eram dedicadas à cachorrinha que eu tinha. Dávamos volta na Lagoa, nos refrescávamos admirando o espelho d'água e depois voltávamos para casa. De tarde ia ao salão fazer faxina completa no corpo para de noite ficar em casa. Ninguém entendia nada. Só eu sabia o motivo, eu queria estar linda quando o meu homem aparecesse.

Até que teve um dia que o departamento que eu trabalhava foi transferido para a Av. Augusto Severo, uma rua muito escura, cheia de árvores e com pouco movimento de pessoas. Fiquei apavorada com medo de assalto. Só tinha um rapaz no ponto de ônibus, pois tínhamos saído bem depois do término do expediente. Ele era o tal que eu participei da lista de casamento e com quem eu nunca tinha trocado uma palavra a não ser bom dia, boa tarde ou boa noite. Pedi para ele esperar um dos meus ônibus chegar e ele se propôs a pegar um que o levaria à faculdade, ainda que desse uma volta maior só para me fazer companhia. Fiquei muito impressionada com o papo que nós levamos dentro do ônibus e cheguei em casa bastante empolgada. Eu soube que o casamento durou apenas três anos e que ele tinha um filho que era a razão da vida dele. No dia seguinte o assunto estava mais ou menos esquecido.

Em junho de 1982 fui promovida e teria que trabalhar em um setor especializado dentro do banco. Era o local onde o rapaz do ônibus estava localizado. Viramos bons colegas e bastante amigos. Eu gostava do papo dele e ele do meu. Ainda assim eu estava com o outro esporadicamente. Nesse meio tempo, conheci, ou melhor, me apresentaram a dois homens maravilhosos. Os genros que toda mãe gostaria de ter e que não me impressionaram em absolutamente nada.

O Antonio (o colega bancário do ônibus) começou a dar em cima de mim de uma maneira bem sutil. Eu estava doida para corresponder, mas morria de medo de me meter em confusão. Trabalhávamos um de frente para o outro. Cada dia que passava eu me impressionava mais ainda, mas o receio era maior. Se não desse certo, como seria o relacionamento dentro do trabalho?
Em julho de 1982 tivemos a Copa do Mundo e o Antonio perguntou se eu queria ver um jogo na casa de um colega, com direito a uma farra depois. Eu disse que não. O "caso" me ligou de noite e eu saí com ele para tomar um chope. Essa foi a última vez que nos vimos. Impossível não comparar um com o outro. Naquela noite eu me apaixonei perdidamente pelo Antonio. Ainda assim estava com o firme propósito de não me envolver e continuei esperando o homem da minha vida. Só que a cada dia que passava eu tinha certeza de que essa pessoa era ele que já não estava mais me dando bola depois de tantos foras sutis a cantadas sutis.

Até que ele enforcou o feriado de 12 de outubro que caiu numa terça. Eu fiquei desesperada de saudades por ter ficado quatro longos dias longe dele. Falei com uma colega e grande amiga que eu iria abrir mão da minha carreira em troca de uma noite de amor. Se não desse certo, eu iria me transferir para uma agência e começar tudo novamente.

No dia 14 de outubro de 1982 eu o convidei para almoçar. Quando já estávamos na hora de voltar para o banco eu disse que o tempo foi curto demais para tantas coisas a serem ditas. Ele respondeu que isso não era problema pois o papo poderia ser continuado de noite em um barzinho. Eu concordei.

E foi assim que tudo começou. Há 24 anos atrás eu conheci o homem da minha vida. Não me lembro mais qual foi o dia que fomos morar juntos, só me recordo que foi com menos de dois meses de namoro. Logo, a nossa data é a do almoço. Tivemos uma vida maravilhosa por todo esse período, ainda que com algumas fases muito chatas e desagradáveis. Em 2004 quase nos separamos, mas nunca deixamos de gostar um do outro. Nesse tempo de quase divórcio, eu pensei em tatuar um "A" no meu tornozelo quando estivéssemos já separados. Seria uma maneira de dizer para mim e o mundo inteiro que o casamento tinha acabado, mas que tinha dado muito certo.

Felizmente superamos tudo.

Eu não tenho vergonha de dizer que sou uma mulher apaixonada pelo meu marido que agora voltou a ser o meu namorado com direito a coisinhas bobas e momentos de grande paixão. Apostamos um no outro e tudo tem dado certo e por essa razão eu digo que

Antonio, você é o meu prêmio de mega-sena.


Beijocas

Yvonne