Amigos, o texto abaixo é do Marcos Pontes . Marcos é um blogueiro que eu gosto muito. Comprei o seu livro D'Acolá, li essa crônica que eu adorei e me identifiquei demais com ela. Pedi a sua autorização para publicar aqui no meu blog. Farei os meus comentários depois:
Todos nós temos o hábito de classificar tudo e todos, mesmo inconscientemente às vezes, mas classificamos. Inclusive os amigos. Amigo de infância, amigo de bar, amigo de pelada, amiguinhos, amiga de salão, amigo do peito, amigo virtual, melhor amigo... E a cada um damos um tratamento diferenciado, nem que seja apenas na forma de cumprimentar ou no vocabulário usado. Isso não é ruim, a meu ver. Amigo é amigo, mas cada um tem seu próprio espaço, sua própria personalidade, seus próprios interesses.
Hoje descobri uma nova classificação: o amigo morto-vivo. Você conhece uma pessoa, se identifica com ela, descobre várias coisas em comum, cria uma empatia e, de repente, vê que ela faz parte de sua vida. Faz dela confidente e se faz seu confessor. A procura sempre que tem vontade e é sempre bem recebido. O mesmo acontece no sentido inverso. Como sempre nas relações humanas você não sabe se a intensidade dessa relação é a mesma em sua reciprocidade, mas não há motivos para ficar questionando isso no dia-a-dia. O identificar-se com ela, o gostar, por si bastam. Você tem um amigo e se acha amigo dela.
Cada qual na sua vida, no seu ritmo, com suas alegrias e problemas, conquistas e frustrações, seguem por ora em vias paralelas, mas sempre com uma confluência que faz com que a distância desapareça. Porém, como pouquíssimas coisas na vida são para sempre, de repente você percebe que a amizade apagou-se de um dos lados. Qualquer um dos lados. Ou seus sentimentos por ela já não são os mesmos ou ela já não lhe procura mais com a mesma constância. Segredos já não são mais revelados e discutidos em busca de uma solução a quatro mãos. Ombros já não são procurados ou oferecidos. Os telefonemas, e-mails, cartas, torpedos desaparecem. Se não há briga ou motivos declarados isso sempre ocorre apenas de um dos lados.
E o outro fica perdido. Procura e não acha explicações. Procura e não obtém respostas. Mas, ainda assim, mesmo porquê não há motivo algum declarado, continua achando que há amizade. Você é um amigo que não sabe se tem um amigo. Você passa a ser um amigo morto-vivo se tiver um pouco de insegurança ou classifica esse amigo assim. Um ainda vive a amizade enquanto o outro a enterrou sem necrológio. E isso dói.
Pois é queridos, quem é que não tem uma história parecida para contar? Minha mãe dizia que os amigos ficam em nossas vidas apenas pelo tempo necessário. Quem não teve a sua melhor amiga de infância e de juventude? Pessoas que você não saberia viver sem elas e o tempo e a distância se encarregaram de separar. Os interesses mudam, a afinidade não é mais a mesma, outros amigos vão surgindo por diversos motivos e aquele que ficou lá atrás já não é mais tão imprescindível assim. Só que nem sempre os dois lados compreendem o que está se passando e sempre um sai machucado, uns mais outros menos.
Acredito que quando o Marcos escreveu essa preciosidade, deveria estar muito magoado com alguém, da mesma forma que já nos magoamos em diversas oportunidades. Como ele bem disse, isso dói. Eu diria que dói demais.
Beijocas
Yvonne
P.S.: Como vocês podem ver, não fui para o Rio, o que farei na próxima semana.
P.S.2: Ainda sobre amigos, os nossos, que passaram uns dias aqui e que só foram embora ontem, deixaram uma imensa saudade e a sensação de que ficamos órfãos. Essa saudade dói.
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