Se todos os dias são iguais, torne-se diferente

Yvonne

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Brasileira, ariana nascida no Rio de Janeiro, morando atualmente em Guarapari, mulher, esposa e mãe. Gosto de artes em geral, de ler, de trocar idéias, de praia, de cinema, de tomar cerveja e de dar boas gargalhadas.

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VIVA, VIVA, VIVA A SOCIEDADE ALTERNATIVA - Raul Seixas



Amigos,

Eu já fiz macrobiótica dos 16 aos 18 anos. Cheguei às raias do fanatismo e odiava tudo o que não era permitido. Chamava qualquer carne de cadáver, tinha pavor de açúcar e arroz branco nem pensar. Feijão preto nunca. Almoçava com bastante freqüência em um restaurante na Cinelândia e fazia a minha pobre mãe fazer comida que só eu comia. Uma vez quase levei uns tapas de um parente porque eu tive ânsia de vômito quando vi uma rabada na mesa. Ovos só galados e fruta apenas maçã. Fui uma figuraça.

Esse período em que fiz macrobiótica foi exatamente quando essa alimentação chegou ao Brasil através de um médico chamado Roberto Zen, se não me falha a memória. Nesse restaurante iam os atores da um famoso musical que revolucionou o mundo. Um monte de gente esquisita que se recusava a comer qualquer comida diferente da macrobiótica, mas que de noite fumavam uma maconha e bebiam chá de cogumelo. Cocaína e bolinha, nem pensar porque são drogas industrializadas, mas maconha e chá pode porque vêm da natureza. Pode? Ainda bem que eu era novinha, mas ainda assim não me deixei seduzir por essa conversa prá boi dormir.

Nada tenho contra, muito pelo contrário. O meu sonho alimentar é ser vegetariana porque o meu lado espiritualista se incomoda em comer carne, mas o que posso fazer se sou carnívora de marca maior? Poderia escrever sobre os benefícios dessa alimentação por meses a fio. Testemunhei milagres de pessoas que se curaram de doenças graves apenas através da dieta macrobiótica.

Mas porque estou contando esse fato da minha vida para vocês? Por duas razões. A primeira delas é que eu tive grande convivência com pessoas que vivem em sociedade alternativa, não só nesse período como também em outros. Minha filha inclusive fez o primário em uma escola progressista. Essa fase foi a gota d'água. Agora eu fujo correndo e se possível para o ambiente mais conservador do mundo.

O segundo motivo é que eu gostaria de contar a experiência que minha amiga Adélia teve recentemente. Adélia (o nome não é esse) é uma jovem e linda vovó. Sua netinha que eu chamarei de Lua é fruto de um rápido casamento do seu filho mais velho. Lua passou a morar com a mãe e o padrasto em São Paulo capital em uma comunidade alternativa que fica depois do Butantã, uma lonjura só. Todos os meses Adélia e o marido vão à SP visitar a netinha e agora eles conheceram o novo lar da menina que até então morava no centro com a mãe e os avós maternos.

Gente, vocês não vão acreditar. Todo mundo vegetariano, fazendo o seu pão, dividindo tudo o que tem. Os quartos não têm chave e todos cuidam de todos. Não tem sacanagem alguma, muito pelo contrário. É um ambiente sério e bastante familiar, só que eu quero distância.

As crianças não podem ver televisão, não comem carne, doces, chocolate, leite, ovos, dentre outras proibições. Adélia ficou com a garota por 3 dias em um hotel na Av. Paulista e, como toda avó, fez tudo o que a netinha quis. A garota comeu todas as guloseimas que seu organismo pôde suportar, viu Bob Esponja até não poder mais e teve um espaço só seu para curtir os seus brinquedos. Adélia voltou para o Rio e a menina não pára de chorar com saudades do vovô e da vovó. Ela está doida para ir morar lá.

Acho legal a pessoa fazer a opção de viver uma vida mais simples, mas é justo forçar uma criança de 3 anos a seguir por esse caminho? Sei que a programação da televisão não é lá essas coisas, mas qual o problema em ver um desenho animado? Todo mundo quer o melhor para os seus filhos, mas acho que deve haver um equilíbrio entre aquilo que julgamos correto e o que a sociedade de uma maneira geral estipula como plausível.

Vai chegar o dia em que Lua irá a uma festinha de um coleguinha de escola e com certeza ela irá comer um gostoso brigadeiro. Pior: vai ter um dia em que ela vai querer ir com os amigos comer um Big Mac no McDonald's. De que adiantou tanta proibição?

Eu sei que é difícil para um vegetariano dar carne para os seus filhos, mas por outro lado tem que haver um certo equilíbrio. A criança não tem maturidade para saber se uma determinada alimentação é saudável ou não. Ela precisa querer ser vegetariana ou macrobiótica. Em toda a minha vida, eu só conheci um único menino que gosta de legumes e verduras. O resto come de cara feia, alguns nem isso.

Prá terminar, querer proibir uma menina de ver desenho animado para não ficar uma babaca alienada é de um delírio só e não assegura que ela será uma Simone de Beauvoir no futuro.
Beijocas
Yvonne