Amigos, adoro ver gente dançando. Fred Astaire e Ginger Rogers são os meus ídolos. O meu sonho dourado era saber dançar,mas infelizmente Deus se esqueceu desse pequeno detalhe quando fui feita. Vou contar para vocês algumas histórias sobre o assunto:
GAROTA TWIST - No final de 1961 (ou no início de 1962 acho eu) o mundo virou de cabeça para baixo quando Chubby Checker cantou "Let's twist again". Era só o que se ouvia nas rádios e todo mundo queriam dançar o twist. Pois bem, alguém na rua que eu morava teve a idéia de promover o concurso da Garota Twist. Nossa, foi uma agitação só. Eu tinha sete para oito anos e fiquei bastante animada e comecei a treinar freneticamente. Meus pais encarregaram o meu irmão de me ajudar e nada de eu soltar o corpo. Até que um dia estava eu chegando na sala e ouço a minha mãe dizer para o meu pai a seguinte frase: "O que sobrou na cabeça faltou no gingado". Treinei mais ainda e nada. Resumo da ópera: de um monte de meninas do bairro do Humaitá, eu fui a única que ficou na platéia enquanto as outras estavam no palco. O golpe só não foi pior porque naquela época minha família era abastada e eu ganhei um monte de presentes por conta desse fracasso.
JOSÉ RAIMUNDO - Por volta dos 13 anos tive uma paixão platônica por um rapaz que deveria ter uns 15/16 anos. Ele mal me olhava, apesar de saber do meu interesse por ele. Também pudera, nessa época eu estava muito baranga. Sabem aquela menina que quando chega na puberdade fica esquisita? Assim era eu. O tempo passou e aos 15 anos deixei de ser patinho feio e me tornei um cisne.
Pois bem, um belo dia fui a um baile (eu sou da época dos bailes) no Clube Botafogo que fica em frente ao Canecão. Tinha muito mais rapazes do que moças e eu, minhas primas e amigas não paramos de dançar um minuto sequer. Naquela época já se dançava separado e nessa modalidade em embromava um pouco. De repente, quem eu vejo? José Raimundo e o coração começou a disparar. Percebi que, por mais que a música fosse agitada, ele só dançava junto. De tanto olhar na direção dele, eis que de repente ele me viu e me reconheceu. Percebi que ele gostou do que viu. Entrei em pânico porque se ele me tirasse para dançar uma música agitada eu teria que recusar. E foi justamente o que aconteceu. Por um lado foi bom porque eu acabei dando uma esnobada, mas o que eu queria mesmo era ter ficado com ele. Fracasso número dois.
SAMBA - A partir dos 20 anos já sabedora de que quando homem tira uma mulher para dançar ele não está só interessado no lado Ginger Rogers dela, comecei a me soltar. Desenvolvi a técnica da falsa vadia e era bastante insinuante, só que quando eu dançava junto virava pudica. Lógico, eu só sabia dançar separado, ou melhor, enrolar separado. Todas as minhas amigas davam show e eu não ia querer ficar sentada na cadeira. Tinha que fazer alguma coisa. Nesse meio tempo descobri que, apesar de não dançar nada, eu sabia sambar muito bem. Chegava a rebolar e descer os quadris quase até o chão. Se hoje em dia eu for fazer isso vou ter que pedir auxílio a alguém para voltar a me levantar. Não era mais fracassada mais continuava tensa.
HOJE EM DIA - Assumi de vez que sou "sem jeito mandou lembranças" e quando estou em alguma festa só danço com o meu marido que por sinal é um excelente dançarino, só que ele sabe exatamente os passos que eu tenho dificuldade e depois de tantos anos casados, ele aprendeu a contornar. Chega a ser bastante engraçado porque eu "empresto" ele para as amigas que estão sozinhas ou acompanhadas por homens que não sabem dançar. Ele não deixa ninguém tomar chá de cadeira.
No entanto, quando começa uma música mais agitada, eu me levanto da cadeira e dou um verdadeiro show, não sei se bonito ou feio. Na realidade, eu não estou nem aí, o que eu quero é me divertir e recuperar o tempo que me considerei uma fracassada.
Moral da história: "Ser feliz é o que importa"
Beijocas rebolativas
Yvonne
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